Expresso Leste volta a funcionar em outubro

Com problemas técnicos na linha 11-Coral, a Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) suspendeu as viagens do Expresso Leste
com ligação direta entre as estações Luz, em São Paulo, e Estudantes, em Mogi
das Cruzes. Desta forma, os passageiros, que antes tinham a possibilidade de
fazer o percurso sem baldeação, têm de descer na zona leste da Capital para vir
rumo ao Alto Tietê ou seguir para a região central paulistana.

Geraldo Rodrigues do Nascimento, de 64 anos, é diretor
cultural em Suzano, mas mora em Mogi das Cruzes. Ele faz a viagem entre as duas
cidades todos os dias. Sai de casa por volta das 6 horas e tem de enfrentar
trem lotado e velho. “Antes eu saía de casa uma hora antes de entrar no
trabalho, agora tenho que sair duas horas antes porque os trens, de manhã,
estão parando toda hora. Nas composições, eles repetem sempre: ‘Estamos parados
aguardando a movimentação do trem à frente’. O governador (Geraldo
Alckmin/PSDB) disse que teríamos mais trens, mas, ao que parece, eles estão
tirando. Antes, com os trens diretos, era tudo mais rápido”, afirmou à
reportagem.

Gabriela Mendes, 22, estudante universitária, mora em São
Paulo, porém, vem à Cidade todos os dias para ter aulas e diz enfrentar
dificuldades em alguns momentos. “Tem dias que as viagens parecem
intermináveis. Demoro mais de uma hora para sair de Itaquera e vir até Mogi em
dias com problemas. A baldeação é outra coisa que irrita. Sempre enche a
plataforma e é uma dificuldade ímpar para entrar no trem para Mogi. Com o
Expresso ficava um pouco mais fácil”, relatou.

De fato, as viagens estão mais demoradas. O percurso entre
Luz e Estudantes com o Expresso é feito em pouco mais de uma hora. Com a
baldeação, o tempo ultrapassa uma hora e meia. Com os trens velhos, o ramal
entre Guaianazes e Estudantes atinge os 45 minutos.

Os problemas técnicos ocorreram há três meses nas
subestações de Itaquera e Calmon Viana, que alimentam com energia as
composições. Sem contar com esses pontos vitais para abastecimento, os trens do
Expresso restringem-se a circular entre Luz e Guaianazes e alguns novos fazem
algumas viagens entre Guaianazes e Estudantes sendo necessária a baldeação.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas
Ferroviárias da Zona Central do Brasil, Sônia Marques, explica que os problemas
refletem uma espécie de “sucateamento” do transporte sobre trilhos nas regiões
periféricas. “Para nós, esses problemas refletem um sucateamento do serviço
ferroviário prestado pela CPTM. Isso, em resumo, antecede um processo de
privatização. A gente sabe que o Governo usa desta artimanha quando deseja
negociar alguma empresa. Tenta piorar a imagem dela diante da opinião pública.
A verdade é que a CPTM passa por problemas e os passageiros sofrem grandes
transtornos por causa deles”, disse a O Diário.

A versão de “sucateamento” é rebatida pela estatal em nota
enviada ao jornal: “As obras de recuperação da subestação Calmon Viana, que
sofreu curto-circuito após furto de cabos em abril deste ano, estão em
andamento dentro do cronograma previsto. A conclusão está prevista para o final
de outubro. Por conta dessa ocorrência, a CPTM adotou estratégia operacional
diferenciada para continuar atendendo os usuários da Linha 11-Coral no trecho
Guaianases-Estudantes com a mesma oferta de lugares. A operação está sendo
realizada por quatro trens de seis carros (vagões) e quatro trens de oito
carros (vagões), totalizando 56 carros (vagões). Antes da ocorrência na
subestação, o atendimento era realizado por 9 trens de seis carros (vagões) no
pico de manhã e 10 trens no vale e pico da tarde. Há suspensão temporária das
viagens diretas do Expresso Leste, da Luz a Estudantes (sem necessidade de
transferência entre trens em Guaianases). A Operação no trecho será normalizada
e as viagens diretas do Expresso Leste serão restabelecidas em outubro, com a
finalização da obra de recuperação da subestação de Calmon Viana”, informa.

Ainda segundo a CPTM, serão contratados estudos para
viabilizar a extensão da Linha 12-Safira até Suzano, com cronograma a ser
definido. “Já o serviço Expresso Leste será levado para Suzano após a execução
das intervenções no plano de vias e das adequações necessárias para sua
operação, obras que serão contratadas futuramente. A CPTM abriu licitação para
contratação de projetos executivos visando à adequação de acessibilidade das
estações das Linhas 11-Coral, incluindo Jundiapeba, Mogi, Braz Cubas e
Estudantes; e 12-Safira. A CPTM também está recebendo 65 novas composições
encomendadas. Neste ano, já colocou mais dois trens em operação na Linha
11-Coral Expresso Leste”, trouxe a nota.

Relato

Moro na zona leste de São Paulo, numa área vizinha ao Grande
ABC, e faço o percurso pela linha férrea até Mogi das Cruzes há seis anos,
desde que comecei a trabalhar em O Diário.

Pego o trem em Guaianazes com destino à estação central de
Mogi. É um percurso de pouco mais de 27 quilômetros que, em tese, respeitando
todas as oito paradas neste trecho, não passaria de 40 minutos. Aos sábados,
dias de plantão no jornal, as viagens podem ultrapassar a uma hora. Mais
dificuldades para trabalhar aos finais de semana.

Para os passageiros, o Expresso Leste faz toda a diferença.
É perceptível a diferença de tempo entre os modelos antigos e os mais novos de
composições.

Outra verdade é que as estações desta linha 11 – Coral
também precisam se formatar conforme os novos tempos. Trens mais novos, às
vezes, rodam neste ramal Guaianazes/Estudantes e há promessa da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de que o Expresso Leste faça todos os
horários nos próximos anos. É verdade que algumas estações, como Ferraz de
Vasconcelos, Calmon Viana e Suzano foram reconstruídas, mas são evidentes as
discrepâncias entre os modelos mais recentes de trens e as antigas estações no
quesito espaço entre composições e plataformas. A altura é grande para que
idosos e pessoas com mobilidade reduzida superem e desçam em Braz Cubas, por
exemplo, o que demanda atenção especial da CPTM para as reformas das estações
antigas de Mogi.

Como usuário do transporte ferroviário, acho que o serviço
deixa a desejar, sobretudo, na questão do planejamento das partidas (totalmente
desorganizadas quando falamos em baldeação – às vezes chegam três trens vindos
da Luz em Guaianazes para um partindo rumo Estudantes resultando, claro, em
superlotação), respeito aos horários e às manutenções sempre ressaltadas pela
estatal, mas nunca observadas de fato por nós, passageiros. Passageiros que
precisam conviver todos os dias com um sistema imprevisível.

Fonte:  Diário de Mogi

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