Cosan e Shell negociam sociedade definitiva em Raízen

Rubens Ometto, dono do Grupo Cosan, e a gigante Shell,
sócios na Raízen, precisaram apenas da metade do prazo previsto inicialmente
para decidirem o futuro da relação. E tudo caminha para que se casem “para
sempre”. Eles estão em conversas avançadas para tornar a sociedade na
Raízen definitiva, eliminando do acordo selado em 2011 as opções de saída que
ambos possuem sobre o outro.

De 2011 a 2014, a receita líquida combinada das operações de
distribuição de combustíveis e produção de açúcar e álcool saltou de R$ 40
bilhões para R$ 74 bilhões – ou 85%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) aumentou 75%, de R$ 3,4 bilhões para 6 bilhões.

O novo acordo para a joint-venture na Raízen ainda não foi
selado, mas as conversas correm de forma amistosa entre os sócios, conforme
apurou o Valor. Ambos já estão de acordo com o fim das opções de compra que
possuem e o debate, neste momento, está concentrado na governança do negócio,
agora que a convivência será definitiva.

Procuradas, a Cosan não comentou o assunto e a Shell disse
estar em “período de silêncio”.

O acordo para a sociedade entre Ometto e Shell foi assinado
em 2011, mais de um ano depois do primeiro memorando de entendimentos.

Naquela ocasião, ficou estabelecido que a Shell, no 10º ano
da sociedade, poderia comprar a participação da Cosan. Ometto teria, então,
direito de decidir se venderia toda sua fatia de 50% no negócio ou apenas a
metade, ou seja, 25%. A partir do 15º aniversário, ambos os sócios teriam uma
opção de compra da fatia do outro.

O valor das ações não foi fixado. Ficou acordado que seriam
definidos “utilizando-se um processo usual de avaliação” no momento
do exercício, caso ele ocorresse.

Conforme pessoas que acompanham o assunto, Ometto teria
interesse, inclusive, em eliminar a opção de compra da Shell em caso de sua
morte. A intenção do empresário é deixar o negócio para formação do patrimônio
familiar.

Conforme o Valor apurou, as conversas tiveram início há
cerca de dois meses. Mas há tempos o empresário brasileiro dava indicações de
seu interesse de rever o prazo da sociedade.

No primeiro ano de operação conjunta, a Raízen Combustíveis,
que ainda atuava com as bandeiras Shell e Esso, comercializou 20,3 bilhões de
litros. No ano passado, o volume total superou 25 bilhões de litros. A
quantidade de postos passou de 4.527 para 5.682. A participação de mercado
subiu de 18% para 25%, segundo o Sindicom.

Na Raízen Energia, a moagem da cana, que foi de 53 milhões
de toneladas no ano-safra 2011/2012, passou para 63 milhões de toneladas, no
ano-safra encerrado em março passado (2015/2016).

Em apresentação institucional a investidores realizada há um
mês, a Cosan afirma que “A Raízen foi formada em 2011 pela combinação de
duas empresas diferentes, com dois negócios diferentes. Cinco anos depois, a
Raízen desenvolveu com sucesso uma cultura própria orientada para resultados,
combinando o melhor dos seus acionistas, e oxigenando a empresa com as melhores
práticas e pessoas”. Essa foi a tônica do comentário sobre a sociedade com
a Shell.

Quando, em 2010, Ometto realizou o sonho de ser sócio de uma
grande petroleira, a Cosan valia R$ 8,5 bilhões na BM&FBovespa. Ontem, a
Cosan Indústria e Comércio, na qual está a sociedade com a Shell, fechou o
pregão valendo mais de R$ 17 bilhões. Dentro da companhia, além da Raízen está
ainda a Comgás, adquirida posteriormente. Ometto, nesse intervalo, também se
tornou o acionista de referência da maior rede de ferrovias do Brasil, por meio
da Rumo, que incorporou a ALL. Na bolsa, a Rumo está avaliada em mais de R$ 9
bilhões.

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