EMTU investiga possível fraude em contrato do VLT da Baixada

A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)
investiga uma possível fraude em um contrato da construção do Veículo Leve
Sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista. Uma empresa sul-coreana alega ter sido
usada por uma parceira brasileira para assinar um negócio de R$ 35,5 milhões
com a estatal controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para a instalação
de portas nas plataformas das estações do VLT.

O contrato, de 13 meses, foi assinado em julho do ano
passado com o consórcio formado pela sul-coreana Bosung e pela brasileira
Arquitrave, cujos donos também são sul-coreanos. Elas haviam ficado em segundo
lugar na licitação realizada pela EMTU em novembro de 2014, mas acabaram
assumindo o contrato do VLT porque o primeiro colocado no certame foi desclassificado
no início de 2015.

Em julho deste ano, contudo, a Bosung enviou uma carta à
EMTU, assinada pelo vice-presidente da empresa, Seung Pyo Hong, dizendo que
após saber da derrota na licitação, em 2014, “o projeto foi esquecido” pela
empresa e Hong voltou para a Coreia.

Segundo a carta, a qual o Estado teve acesso, em fevereiro
de 2015 o empresário sul-coreano recebeu um telefonema dizendo que “de alguma
maneira, passara a ser o vencedor do processo”. Assim, ele voltou ao Brasil e a
Arquitrave o teria feito “assinar diversas páginas em branco e em português sem
muita explicação”.

No fim do ano, Hong “soube que uma procuração e o contrato
de consórcio foram utilizados pela Arquitrave para celebrar o contrato com a
EMTU, datado de 16 de junho de 2015”, sem sua ciência. Assim que recebeu a
denúncia pela carta de Hong, a EMTU suspendeu “imediatamente” os pagamentos do
contrato que eram feitos à Arquitrave e chamou as empresas para uma reunião,
mas só representantes da empresa brasileira apareceram.

A Bosung é a responsável pela instalação dos equipamentos,
enquanto a Arquitrave faria o gerenciamento da obra. Mas a brasileira teria
executado a obra, subcontratando outra empresa. E começou a receber.

O empresário sul-coreano afirma que, “se a situação não for
sanada dentro de um período de tempo razoável”, ele não terá “outra escolha
senão considerar os contratos nulos”. Na correspondência, a empresa alega o
receio de eventualmente ser responsabilizada por algo que não tenha
participado.

O Estado procurou por dois dia a Arquitrave, sem sucesso. Os
telefones da empresa nos sites de busca não atendem. O endereço em que a
empresa está cadastrada na Junta Comercial é de um imóvel vazio.

Em nota, a EMTU afirma que o contrato foi assinado porque
todos os documentos exigidos foram apresentados. “Apesar dos produtos estarem
sendo entregues dentro do cronograma, os pagamentos foram suspensos até que a
EMTU conclua a veracidade das informações. ”

Futuro. Para José Américo Lombardi, vice-presidente da
Comissão de Licitações e Contratos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São
Paulo (OAB-SP), é preciso apurar se houve falha da EMTU no processo de
homologação ou se o problema envolve apenas as empresas privadas. “Se houve
vício no procedimento interno da EMTU o contrato pode ser anulado. Caso
contrário, as empresas resolverão isso na Justiça, sem prejuízo ao contrato. ”

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