A Corregedoria Geral da Administração do Governo de São
Paulo instaurou um procedimento correcional para apurar o suposto pagamento de
propinas da Odebrecht nas obras das linhas 2-Verde e 4-Amarela do Metrô e para
a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). Em trocas
de mensagens apreendidas pela Operação Lava-Jato, executivos da empreiteira
discutem o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos, identificados
por meio de codinomes como “Estrela”, “Bragança”, “Brasileiro”, “Comunicação”,
“Careca” e “Vizinho”.
Hoje, o presidente da Corregedoria, Ivan Francisco Pereira Agostinho,
pediu ao juiz Sérgio Moro cópias dos documentos com os e-mails em que as obras
são citadas. O procedimento correcional foi instaurado no dia 26 de setembro e
também pediu esclarecimentos do Metrô e da EMTU sobre os documentos. A
investigação será feita pela corregedora Alexandra Comar de Agostini, do
Departamento de Investigações Especializadas.
As trocas de mensagens foram divulgadas após a deflagração
da 35ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Omertà” e que teve como alvo o
ex-ministro Antonio Palocci, que permanece preso em Curitiba. Na representação
que pediu as medidas contra Palocci e seus assessores, a Polícia Federal
incluiu uma série de e-mails em que executivos do Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht – indicado como o “departamento de propinas” dentro
da empresa pelos investigadores – tratam do pagamento de vantagens indevidas a
agentes públicos em pelo menos 38 obras, oito delas no Rio de Janeiro.
Em relação às obras no Metrô de São Paulo, entre os e-mails
divulgados pela Lava Jato está um com o título “Planilha DGI” em que o
executivo Fabio Gandolfo encaminha a Benedicto Barbosa e Ubiraci Santos uma
programação de pagamentos relacionados à “L2”, em possível referência a obras
de prolongamento da Linha 2 do metrô de São Paulo, de acordo com a Polícia
Federal, para prováveis agentes públicos mencionados pelos codinomes de “Comunicação”
e “Careca”. Segundo os investigadores, “DGI” era a sigla utilizada para fazer
referência a pagamentos de propinas operacionalizadas pelo Setor de Operações
Estruturadas.
Outra programação, para junho de 2006, aparece em uma
mensagem trocada entre Fabio Gandolfo e Ubiraci Santos, citando a obra,
codinome, valor, data e local do pagamento. O valor total nesse mês chegou a R$
500 mil. A Polícia Federal abriu inquérito paralelo ao processo que investiga
Antonio Palocci para apurar o pagamento de propinas nessas obras.
Após a operação, a Secretaria de Transportes Metropolitanos
(STM) afirmou que a relação do governo do Estado e seus contratados para a
realização de obras ou prestação de serviços é baseada nos princípios legais e
com aprovação de suas contas pelos órgãos competentes. A STM afirmou ainda que
o Metrô desconhece qualquer irregularidade em suas obras e que está à
disposição para colaborar com a força tarefa da Lava Jato e esclarecer toda e
qualquer informação.
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