Missão de Rabello de Castro é emprestar mais

O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, terá pelo menos duas
missões prioritárias no comando da instituição: normalizar a liberação de
empréstimos – cujo ritmo, apesar de um pouco melhor no último mês, ainda
estaria abaixo do considerado desejável e inferior aos pagamentos de créditos
passados (retornos) – e pacificar o corpo de funcionários, em crise com a
antecessora Maria Silvia Bastos Marques, por conta do que considerariam falta
de uma defesa mais enfática dos técnicos ante as denúncias que afetam o banco
estatal de fomento.

O Valor apurou que um dos objetivos que o governo traçou é
garantir que no mínimo o montante de crédito novo seja igual aos volume pagos
pelas empresas. Há preocupação com o crescimento do caixa do banco, que já
estaria em torno de R$ 150 bilhões, por conta dos retornos maiores que as
liberações. Ou seja, ao equilibrar o fluxo de entradas e saídas, o caixa da
instituição pararia de crescer e ao mesmo tempo haveria uma ajuda para a
economia e um arrefecimento das críticas do setor empresarial, em especial da
indústria.

Segundo uma fonte do governo, a pacificação do corpo
funcional por si só ajudaria a “destravar” o crédito, levando-o para
um nível mais compatível com a economia atual, que ensaia uma retomada. É que,
na visão dessa fonte, com a crise envolvendo os funcionários, havia uma
dificuldade maior de fazer o banco funcionar mais normalmente.

“Não se trata de fazer nenhuma maluquice, mas o banco
estava operando abaixo do que poderia”, disse a fonte, destacando ainda
que o trabalho feito por Maria Silvia deixou a instituição preparada para
concessões mais elevadas de crédito, em linha com uma atividade econômica em
alta moderada.

Ontem, o presidente Michel Temer fez uma reunião com Paulo
Rabello e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo
de Oliveira, para dar um alinhamento de trabalho ao novo integrante da equipe
econômica do governo.

O tema da “agilização” do crédito do banco esteve
presente na reunião. A leitura, segundo uma fonte palaciana, é que o problema
da fraca liberação de crédito estaria relacionado a questões operacionais do
banco, decorrentes da burocracia que Maria Silvia estava supostamente com
dificuldade de superar, e não de uma definição política de contração do crédito
da instituição.

Na gestão dela, o banco sempre alegou que a queda nos
empréstimos estaria relacionada à baixa demanda das empresas, em função da
grave recessão que acometeu a economia desde 2015. Empresários, contudo, em
especial da indústria, afirmavam que a contração no crédito da instituição era
superior à queda na demanda. O debate ensejou até uma reunião de Temer com
Maria Silvia em março para que ela esclarecesse a situação.

Mais recentemente, Maria Silvia se aproximou do setor
industrial e houve alguma melhora nos dados de desembolsos do banco, cujo ritmo
de queda se desacelerou no primeiro quadrimestre em relação ao dado acumulado
em 12 meses.

Em São Paulo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
elogiou a escolha de Rabello de Castro. Ele destacou se tratar de “um
economista liberal que acredita no mercado”. Meirelles também elogiou o
trabalho de Maria Silvia.

Leia também: “Se país está
carente de desenvolvimento, precisa de mais ação por parte do banco”

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