Quênia abre nova ferrovia para ser
porta de entrada ao leste da África

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, inaugurou nesta
quarta-feira uma nova linha ferroviária entre Nairóbi, a capital, e Mombasa, a
maior infraestrutura construída desde a independência deste país que quer se
tornar a porta de entrada do leste da África.

Após uma cerimônia inaugural na cidade costeira de Mombasa,
Kenyatta entrou no chamado Standard Gauge Railway (SGR), com capacidade para
1.260 passageiros, rumo a Nairóbi, acompanhado, entre outros, por autoridades
quenianas e chinesas, e por 47 crianças de cada um dos 47 condados do país.

Os 472 quilômetros de via, financiados e construídos
principalmente pela China, substituirão ao Lunatic Express, a linha construída
quando o Quênia era uma colônia britânica.

Essa linha, muito apreciada pelos turistas, era muito lenta
para os passageiros e para o transporte de mercadorias. O novo SGR,
impulsionado por locomotivas diesel pintadas de vermelho e branco, é uma
alternativa o longo trajeto, um dos mais perigosos do país.

Pela rodovia, os caminhões demoram dois dias, mas com o novo
trem de viagem só dura cinco horas para os passageiros e oito para as
mercadorias.

Hoje celebramos uma das etapas chave da transformação
de Quênia em um país industrializado, um país próspero de receitas
médios, disse Kenyatta em Mombasa.

O governo espera que o SGR, apelidado de Madaraka Express
(liberdade em suajili), permita fazer crescer o PIB em 1,5% ao ano.

A linha, com um investimento de 2,8 bilhões de euros, se
inscreve em um projeto mais amplo para conectar por trem Uganda, Ruanda,
Burundi, Sudão do Sul e Etiópia.

Apesar das polêmicas sobre seu custo, as acusações de
corrupção e as preocupações ambientais, o SGR é um dos principais argumentos do
atual governo de Quênia para tentar a reeleição nas eleições de agosto.

 

– Sabotagem –

 

A multidão reunida em Mombasa recebeu com gritos de alegria
o anúncio de Kenyatta de que o bilhete mais barato de ida simples entre Nairóbi
e Mombasa custará 700 shillings (6 euros).

É o melhor que lhe podia acontecer com nosso país,
estou contente de ser testemunha e de participar, disse à AFP Rahab
Wangui, um dos privilegiados que participou da viagem inaugural.

Na terça-feira foi inaugurado com menos pompa o primeiro
trajeto para mercadorias, o mesmo dia em que quatro pessoas foram detidas por
roubar material do trem, segundo o documento judicial ao qual a AFP teve
acesso.

Kenyatta denunciou nesta quarta-feira uma sabotagem
econômica e ameaçou seus autores com a forca, apesar de a pena de morte
não ser aplicada no Quênia desde 1987.

A Lunatic Express, a linha existente, foi construída a
partir de 1896 por os britânicos, que queriam conectar à vizinha Uganda e suas
riquezas com o oceano Índico.

Desde então, a linha é sinônimo de aventura e tem sido
estratégica para o desenvolvimento do Quênia moderno.

No início do século XX, Nairóbi era apenas um pequeno
povoado que começava a se desenvolver graças à presença da sede da companhia
ferroviária. Um século depois é a capital da maior economia do leste de África
e um dos pontos nevrálgicos da região.

Não celebramos o Lunatic Express, e sim o Madaraka
Express, que marcará a história do Quênia nos próximos cem anos, disse
Kenyatta.

Enquanto isso, associações ambientalistas denunciaram o
próximo trecho previsto do SGR, entre Nairóbi e Naivasha, que cruzaria o parque
nacional de Nairóbi (ao sul da capital).

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