Ainda que o forte crescimento da colheita brasileira de grãos nesta safra 2016/17 vá liderar a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária do país em 2017, culturas como laranja e fumo, que ajudaram a derrubar os resultados do setor em 2016, também terão papel importante nessa retomada – que não será mais aguda em função de quedas previstas para café, cana e mandioca.
A influência negativa da produção nessas três frentes, porém, começou a pesar na balança neste segundo trimestre. O robusto resultado positivo do PIB do campo de janeiro a março, que será confirmado nos próximos dias, deverá refletir sobretudo a safra recorde de soja, carro-chefe do agronegócio nacional, e, em menor escala, dada as diferenças de volumes, os incrementos observados nas colheitas de milho, arroz e feijão.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal vinculada ao Ministério da Agricultura, a produção de soja, a maior parte dela colhida no primeiro trimestre, totalizou 113 milhões de toneladas, 18,4% mais que no ciclo 2015/16 e novo recorde histórico. Como o cálculo do PIB da agropecuária privilegia volume em detrimento de preços, não terá influência relevante sobre o resultado que será anunciado o fato de os preços do grão terem registrado forte queda desde o fim do ano passado, tendência que espremeu as margens de lucro dos agricultores e poderá limitar avanços na próxima temporada (2018/19).
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Mas as estimativas de economistas de que o PIB da agropecuária brasileira possa ter crescido mais de 5% no primeiro trimestre também levam em consideração que a colheita de verão de milho cresceu 17,1% em 2016/17, para 30,2 milhões de toneladas, e que houve, de acordo com a Conab, incremento de 12,8% da produção de arroz, para 12 milhões de toneladas. Também pesa positivamente sobre o PIB o salto da colheita de feijão na “safra das águas”. Para essa primeira das três safras da leguminosa, a Conab estima aumento de 32,5%, para 1,4 milhão de toneladas.
É importante lembrar que todos esses expressivos percentuais de crescimento espelham, em larga medida, recuperações após os sérios danos provocados por adversidades climáticas às lavouras no ciclo 2015/16, basicamente por causa da influência do fenômeno El Niño. E que, se os ventos estão particularmente favoráveis em 2016/17, já há ameaças no horizonte para a próxima temporada, já que a possibilidade de que o El Niño volte a causar estragos é real.
A colheita de soja ainda respingará nos resultados do PIB no segundo trimestre, bem como as de arroz, da segunda safra de feijão (que deverá aumentar 37,9%, para 1,3 milhão de toneladas) e de algodão em caroço (que tende a subir 15,4%, para 2,2 milhões de toneladas). Mas o pratogonismo ficará mais concentrado na segunda safra de milho, cuja colheita, que começa a ganhar ritmo, deverá chegar a 62,7 milhões de toneladas, 53,7% mais que no ciclo passado. A laranja já começa a jogar a favor, mas café e cana limitarão avanços. Para essas culturas perenes, é a temporada 2017/18 que está começando.
Milho, algodão, laranja, cana, mandioca e café voltarão a dividir as atenções no terceiro trimestre, e no quarto o jogo estará com cana, laranja, mandioca, trigo e fumo. Sem esquecer, ainda, que durante o ano as principais cadeias da pecuária também estarão no tabuleiro, mas com oscilações menores.
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