A compra do grupo espanhol de infraestrutura Abertis pelo
italiano Atlantia, se for efetivada, pode resultar na criação de uma gigante de
concessão de rodovias no Brasil. Mas isso dependerá de como a Brookfield, sócia
da Abertis na brasileira Arteris, vai se posicionar.
A Atlantia é controladora da AB Concessões, detentora de
quatro concessões no Brasil que somam 1.500 quilômetros. Já a Arteris tem nove
concessionárias de rodovias que administram mais de 3.250 quilômetros.
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O resultado da junção da Arteris com a AB Concessões seria
uma empresa com um vasto portfólio de rodovias. Com fôlego para competir em
grande escala com a CCR, líder do setor no Brasil com receita de quase R$ 10
bilhões e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na
sigla em inglês) de R$ 4,9 bilhões em 2016.
O novo grupo teria caixa para disputar os próximos leilões e
aproveitar o mercado secundário. Há rodovias à venda da Invepar e da Odebrecht
Transport.
Mas se o fundo canadense Brookfield resolver assumir 100% da
Arteris, caso tenha direito de preferência, em decorrência da transação entre a
espanhola e a italiana, o poder de fogo da Atlantia em termos de ativos no
Brasil ficaria restrito às rodovias da AB Concessões, empresa na qual é sócia
com o grupo brasileiro Bertin.
Na primeira quinzena de maio, a Atlantia anunciou uma oferta
pela Abertis, numa transação que avalia a espanhola em € 16,3 bilhões. Pela
proposta de Oferta Pública de Aquisições de Ações (OPA), a Atlantia oferece €
16,50 por cada ação da companhia.
Contudo, o governo da Espanha tem amparo na legislação para
manifestar eventual oposição ou impedir que a OPA prospere. Por meio da
subsidiária Autopistas, a Abertis opera 1.600 quilômetros de estradas na
Espanha com alta qualidade, o equivalente a cerca de 60% da rede de rodovias do
país. A empresa tem também participações minoritárias em outras concessões de
estradas no país ibérico.
O negócio pode criar uma das maiores empresas operadoras de
rodovias do mundo. A combinação de ativos reúne uma rede rodoviária de 14 mil
quilômetros em 19 países. O negócio diversificaria a presença geográfica de
Atlantia, que tem operações concentradas no mercado italiano. Além do Brasil, a
nova empresa teria presença na França, Itália, Espanha e Chile.
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