Brasil quer voltar a discutir salvaguarda chinesa ao açúcar

O Brasil reclamou com a China que suas exportações de açúcar
ao mercado chinês caíram a zero desde que Pequim aplicou em maio salvaguarda
sobre o produto, e pediu a reabertura de discussões sobre essa medida que causa
prejuízos aos produtores brasileiros.

Durante reunião da Subcomissão Econômica e Comercial
bilateral, em Pequim, nesta semana, a delegação brasileira também insistiu para
que a investigação antidumping aberta contra o frango brasileiro pelos chineses
seja feita de acordo estrito com as regras, confiante de que se for assim não
haverá sobretaxa. “Nossos pleitos foram bem recebidos pelas autoridades
chinesas e esperamos corrigir essa situação que afeta produtos que começam a
ser mais elaborados na nossa pauta comercial para lá”, afirmou o subsecretário
de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Carlos Márcio
Cozendey.

A abertura de investigações chinesas contra produtos
brasileiros não é uma raridade. Pequim já alvejou também a entrada de celulose
brasileira.

A preocupação em Brasília é que a pauta das exportações para
a China já é muito concentrada em matérias-primas, e quando um produto
processado começa a ganhar espaço é submetido a ação de defesa comercial
chinesa. Assim, fica complicado diversificar a pauta exportadora sem o mínimo
de produtos processados, concordam negociadores.

Em maio, a China, maior importador mundial de açúcar,
efetivou a medida de salvaguarda, mecanismo de defesa comercial raríssimo. O
resultado foi que desde então as exportações brasileiras do produto caíram a
zero para o mercado chinês.

Pequim aumentou de 50% para 95% a tarifa na importação de
açúcar fora da cota, para proteger a produção local. Além disso, manteve em 15%
a tarifa na importação de até 1,95 milhão de toneladas de açúcar, ou seja,
dentro de uma cota que é administrada pelas autoridades chinesas.

Por sua vez, a tarifa extra-cota, que era de 50%, será
alterada de forma escalonada: passa para 95% no primeiro ano, cai para 90% em
2018 e para 85% em 2019.

O Brasil exportava cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano
de açúcar à China, 50% do total importado pelo país asiático e 10% de todo o
volume de açúcar que o Brasil vende para o exterior.

No caso do frango, a investigação antidumping anunciada
semana passada afeta basicamente o Brasil, origem de 83% do que a China compra
no exterior, mas que representa só 3% do consumo interno. A delegação
brasileira insistiu na aplicação estrita do Acordo Antidumping da Organização
Mundial do Comércio (OMC), e lembrou aos chineses que o frango não sofre sobretaxa
por preço desleal em nenhum mercado no mundo.

Ou seja, outros países abriram investigações, mas não
conseguiram aplicar sobretaxa.

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