Depois de quase dobrar de tamanho no Brasil entre 2011 e
2016, mesmo em meio ao acirramento da concorrência entre os grandes grupos
globais de agronegócios, a americana Cargill já começou a
“incorporar” as ampliações de capacidades de produção e logística
derivadas dos investimentos dos últimos anos para, no mínimo, manter o forte
ritmo de crescimento no país.
Consolidados na subsidiária Cargill Alimentos, os resultados
brasileiros da múlti no ano passado fortalecem o cenário positivo traçado por
Luiz Pretti, presidente da empresa. A despeito das turbulências políticas e
econômicas, a receita líquida consolidada alcançou R$ 33,1 bilhões, ante R$ 32,8
bilhões em 2015, e o lucro líquido aumentou 48,8%, na comparação. A Cargill
Agrícola, que reúne quase todas as operações (grãos, óleos e gorduras, amidos e
adoçantes, cacau e chocolate), exceto nutrição animal, registrou receita de R$
32,3 bilhões. Em relação a 2011, a alta é de 80%. “Somos responsáveis pela
segunda maior margem de contribuição do grupo, atrás dos EUA”, diz Pretti.
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São números já conhecidos – a companhia divulgou seu balanço
em abril -, mas aos quais Pretti recorre para reforçar que os aportes feitos
nos últimos seis anos estão gerando os resultados esperados. O executivo lembra
que, no total, esses investimentos somaram R$ 3,8 bilhões, 75% voltados à
infraestrutura, sobretudo logística – só em portos, sobretudo no Arco Norte,
foram R$ 540 milhões. Apenas em 2016, os aportes totais alcançaram R$ 775
milhões, concentrados em infraestrutura mas também na ampliação da unidades de
processamento de soja em Três Lagoas (MS), que absorveu R$ 240 milhões.
“Com a ampliação da estrutura logística, nossa
originação de grãos, tem espaço para crescer. E a expansão da unidade de Três
Lagoas é a prova de que estamos olhando para o mercado brasileiro no longo
prazo”, afirma Pretti. Ele lembra que o segmento de grãos – soja e milho,
basicamente – responde pela maior parte dos negócios da Cargill Agrícola. Em
2017, os investimentos deverão cair para cerca de R$ 400 milhões, mas o
executivo diz que a queda é normal. “Agora temos que aproveitar a
capacidade que criamos com os projetos dos últimos anos”.
O contínuo aumento da originação tem sido o principal
alicerce do incremento da receita da empresa, que é uma das cinco principais
exportadoras do país. E além da logística, afirma o executivo, a estratégica da
Cargill de concessão de crédito aos agricultores tem se mostrado decisiva para
os negócios. Pretti realça que isso ficou claro neste ano, em geral marcado
pela resistência dos produtores de grãos em vender suas colheitas, em virtude
da retração de preços especialmente no primeiro semestre.
Ele lembra que a Cargill a única empresa do segmento que tem
um banco próprio, o Banco Cargill, e explica que o ‘funding’ fica mais barato
pelo fato de a empresa ter acesso aos ativos que lastreiam a emissão de Letras
de Crédito do Agronegócio (LCAs), uma opção cada vez mais procurada no mercado
financeiro. Como suas concorrentes, estrangeiras e nacionais, a múlti também
elevou a aposta no “barter” [troca de insumo pela colheita futura]
para ampliar a originação.
“A capilaridade também é um diferencial, já que temos
192 armazéns e transbordos e 22 fábricas em 17 Estados”. A companhia não
revela os volumes que movimenta, mas Pretti diz que o aumento deste ano, no
caso da soja, será em linha com o crescimento da colheita brasileira da
oleaginosa em geral na safra 2016/17 – de quase 20%, segundo a Conab.
Ainda que o foco continue na operação com commodities, a
empresa também cresce em segmento de maior valor agregado, como nutrição animal
(receita líquida de R$ 737 milhões em 2016) atomatados (R$ 531 milhões) food
service (R$ 174 milhões). E Pretti está animado com a joint venture formada com
a Usina São João (USJ), por meio da qual investiu R$ 160 milhões na produção de
etanol de milho em uma usina em Quirinópolis (GO).
Outra joint venture que tem rendido bons resultados, conforme
o executivo, é a Alvean. Administrada em parceria com a Copersucar, a companhia
já é responsável por 35% do volume de açúcar movimentado no mercado mundial,
segundo Pretti. O executivo acaba de assumir o cargo de chairman da Alvean por
dois anos, como prevê o sistema de rodízio acordado com a parceira.
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