Compra do TCP pela China Merchants está quase fechada e inclui minoritário

As negociações da venda do Terminal de Contêineres de
Paranaguá (TCP), no Paraná, para a gigante de operações portuárias China
Merchants avançaram e o negócio pode ser fechado nesta semana, apurou o Valor.
A transação envolve a venda do controle, detido pelo fundo americano de private
equity Advent, com 50%, e também a alienação de parte das ações de alguns dos
sócios minoritários. O valor da operação vai depender de qual fatia será
alienada. Essa participação foi tema de diversas reuniões nos últimos dias,
envolvendo executivos e um batalhão de advogados.

Além do Advent, são acionistas do TCP a empresa APM
Terminals – outra grande operadora de terminais portuários e concorrente em
âmbito mundial da China Merchants -, o espanhol Nogar e os grupos locais Pattac
Participações, Tuc e Soifer. Segundo pessoas a par da transação, além do
Advent, alguns minoritários devem se desfazer de ações. Pelo menos um deles já
havia aderido à proposta.

O TCP é um dos maiores e mais eficientes terminais de
contêineres do país. Um – mas não o único – aspecto para a venda, que ocorre
desde 2016, ter demorado tanto tempo foi o preço “mal calibrado” do
ativo, apurou o Valor. O vendedor queria mais do que o mercado estava disposto
a pagar pelo terminal, que registrou lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 296 milhões em 2016. BTG Pactual e
Morgan Stanley foram contratados pelo TCP para cuidar da venda.

O valor sugerido pelo ativo foi de R$ 3,7 bilhões a R$ 5
bilhões, o que significa um múltiplo entre 12,5 vezes e 17 vezes o Ebitda de
2016 – muito acima do padrão mundial para portos, que é de 10 vezes. Quando o
Advent comprou a participação em 2011 pagou R$ 650 milhões, o equivalente a 10
vezes o Ebitda do exercício anterior.

Especialistas, contudo, acreditam que estará embutido no
preço final da transação um “prêmio” pelo pedágio da barreira de
entrada – será o primeiro terminal do conglomerado asiático no Brasil.

A China Merchants desenvolve, investe e opera dezenas de
terminais no mundo, a maior parte na China. Em 2016 registrou receita de 44,22
bilhões dólares de Hong Kong, o equivalente a R$ 19,8 bilhões. É a quinta maior
operadora de portos em quantidade de contêiner movimentado, considerando terminais
próprios e onde possui participação. Está atrás da PSA International, da
Hutchison, da DP World (que assumiu o Embraport, em Santos, e chegou a negociar
o TCP, mas desistiu da compra) e da APM Terminals.

Dependendo do timing do fechamento do negócio, ele pode ser
anunciado na missão do presidente Michel Temer à China.

Além de ser o único terminal de contêineres do Paraná, o TCP
conseguiu a renovação antecipada do contrato de arrendamento – que terminaria
em 2024 – por mais 25 anos. Assinada em abril de 2016, a prorrogação ampliou o
interesse de empresas no ativo. Como contrapartida, o TCP terá de fazer uma
série de obras que irão expandir a capacidade anual de movimentação de atuais
1,5 milhão de Teus (unidade de contêineres de 20 pés) para 2,5 milhões de Teus.

O plano de investimentos é de R$ 1,1 bilhão e será realizado
em fases. Na primeira etapa do projeto, cuja previsão original é estar
concluída até o fim de 2018, serão investidos R$ 540 milhões. Os desembolsos
incluem a expansão do cais em 220 metros, para 1.099 metros de extensão; a
construção de píer exclusivo para a atracação de navios dedicados ao transporte
de veículos; e a ampliação da retroárea dos atuais 320 mil metros quadrados
para 500 mil metros quadrados.

Para financiar o investimento, em novembro a empresa captou
R$ 588 milhões em debêntures (títulos de dívida) – R$ 48 milhões mais que o
necessário.

Uma segunda fase da obra prevê investimentos de R$ 550
milhões ao longo do tempo do contrato de arrendamento, que vai até 2048.
Procurados, Advent e TCP não se manifestaram.

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