O juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal de Brasília,
concedeu liminar e suspendeu, em caráter imediato, todo e qualquer ato
administrativo do governo federal que leve à extinção da Reserva Nacional do
Cobre e Associados (Renca), na floresta amazônica. A Advocacia-Geral da União
(AGU) informou, em nota, que vai recorrer.
Spanholo afirmou, na decisão, que o presidente Michel Temer
só poderia tomar a iniciativa de alterar a forma do uso dos recursos da área –
criada em 1984, com mais de 4 milhões de hectares entre os Estados do Pará e do
Amapá – enviando um projeto de lei ao Congresso, e não por decreto.
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“A floresta amazônica brasileira é patrimônio nacional,
e sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro de condições que asseguram a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais”, escreveu o magistrado.
O governo Temer anunciou, na última semana, a extinção da
reserva, cujo tamanho é equivalente ao território da Dinamarca. Depois da
repercussão negativa, o decreto passou por alterações, mas manteve liberada a
exploração mineral na área.
Ontem, o Psol chegou a protocolar no Supremo Tribunal
Federal (STF) uma ação para tentar suspender a medida. No entanto, depois que o
sistema eletrônico da corte sorteou Gilmar Mendes como relator, o partido
desistiu. Pelo mesmo motivo, o Rede Sustentabilidade, que ajuizaria processo
semelhante, optou por não fazê-lo.
O receio dos partidos é de que o ministro, cuja conduta é
considerada por eles alinhada ao governo, rejeite o pedido de liminar e anule a
validade de decisões de instâncias inferiores favoráveis à oposição, como a do
juiz de Brasília. “Vamos retirar porque Gilmar é um cara do Temer. Não vamos
arriscar”, disse ao Valor o deputado Ivan Valente (Psol-SP).
Mesmo em viagem à Romênia, onde participa de evento em
Bucareste, Gilmar assinou despacho determinando que o presidente Michel Temer
se explique, no prazo de dez dias, sobre o decreto que extinguiu a Renca.
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