A gigante japonesa Marubeni, cuja principal atuação é como
trading de grãos, está em conversas avançadas para comprar o Terminal Portuário
de Santa Catarina (Tesc), instalação multiuso localizada no porto de São
Francisco do Sul (SC), conforme adiantou o Valor PRO, serviço de informação em
tempo real do Valor, na semana passada.
O negócio estaria avaliado em aproximadamente R$ 300
milhões. E sua importância reside principalmente no fato de que ampliará a
presença da Marubeni no Brasil e especialmente sua participação no porto
catarinense – onde já tem um ativo. A companhia comprou em 2011 o terminal
Terlogs, especializado na movimentação de granéis sólidos.
No mundo, a Marubeni Corporation registrou receita total
equivalente a US$ 65 bilhões no ano fiscal terminado em março.
Originalmente um terminal dedicado a disputar o mercado de
movimentação de contêineres na região Sul do país, o Tesc não se adaptou às
novas dimensões dos navios porta-contêineres que navegam na costa brasileira e
perdeu espaço nesse nicho. Hoje opera basicamente carga geral não
conteinerizada, entre elas as de grandes dimensões, produtos siderúrgicos e,
principalmente, granéis sólidos.
O banco Credit Suisse estava conduzindo o processo de busca
por interessados no Tesc. Muitas empresas mostraram interesse, mas o candidato
óbvio sempre foi a Marubeni, dadas as potenciais sinergias com o Terlogs – as
instalações não são contíguas, mas soluções poderiam ser estudadas para
interligá-las, por exemplo. Nos últimos 15 dias as conversas avançaram e se
tornaram bilaterais. Mas não há exclusividade.
O Tesc é uma sociedade entre a Nityam – veículo da Logz,
holding que investe em ativos de logística e é controlada por um dos fundos da
BRZ Investimentos – e a Portonovo, uma sociedade entre a Logz e investidores
regionais.
No fim de julho o Tesc conseguiu renovar antecipadamente o
contrato de arrendamento da área cais de São Francisco do Sul, o que pode ter
pesado para as negociações se afunilarem. Não há, contudo, uma data para a
conclusão do negócio.
A renovação antecipada do prazo de arrendamento do Tesc
mediante novos investimentos foi qualificada em março na lista de
empreendimentos públicos federais no âmbito do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI). É a primeira das seis renovações portuárias antecipadas
que constam da segunda rodada do PPI.
O terminal foi arrendado em 1996 com prazo de 25 anos e teve
o contrato prorrogado por mais 25 anos – até maio de 2046. Serão investidos R$
141,2 milhões nos quatro primeiros anos. Os recursos que serão destinados à
ampliação da capacidade de movimentação de cargas.
Serão construídos três silos com capacidade estática para 63
mil toneladas; a área será expandida em 8.150 metros quadrados; haverá
automação de atividades; e um desvio ferroviário, com capacidade para até 80
vagões. Com esses investimentos, a meta é ampliar em 1,5 milhão de toneladas a
movimentação de granéis sólidos por ano a partir do exercício de 2023.
Com esses investimentos, a empresa quer promover o
crescimento da sua movimentação por meio da diversificação das cargas, focando,
além dos granéis sólidos como grãos, no escoamento de fertilizantes. As
exportações de soja pelo porto de São Francisco do Sul vêm crescendo nos
últimos cinco anos, a uma taxa média próxima de 13% ao ano. O Tesc fica próximo
à rodovia BR-101, o que permite rápido acesso aos principais grandes centros do
Mercosul.
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