Banco vai buscar “alternativa” se a devolução afetar investimentos, afirma diretor do banco

Se a devolução de R$ 180 bilhões pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional afetar o nível
de investimentos do país, uma “saída alternativa” deverá ser buscada
pelo banco. A afirmação foi feita por Carlos da Costa, diretor das áreas de
crédito, planejamento e pesquisa e comunicação do banco estatal, durante evento
realizado na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), ontem à tarde em São Paulo.

Segundo Costa, “R$ 180 bilhões é um número muito
salgado, mas não temos o número final ainda e não há um cronograma definido
[para a devolução]. Se comprometer investimentos vamos ter que encontrar uma
saída alternativa. Se o valor de R$ 180 bilhões colocar em risco a missão do
BNDES, não será 180 bilhões”, disse Costa.

Para o executivo, não é viável devolver os recursos
recebidos do Tesouro no curto prazo, embora a “briga [para manter essa
posição] esteja difícil”.

O diretor do BNDES disse também que o governo estuda reduzir
ainda este ano a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 7% para até 6% ao ano,
antes, portanto, da entrada em vigor da nova taxa de referência do banco de
fomento, a TLP, a partir de janeiro de 2018. Segundo Costa, o BNDES já fez
cálculos que sustentam que a TJLP deveria estar em 6,3% atualmente, ou até
mesmo 6%, por causa da inflação em queda.

“Agora é o momento de baixar a TJLP, porque em breve
vai se fazer um alfa para fazer a migração para a TLP. Se não baixar agora,
babau. Então o governo está tratando disso, a maior parte do governo que quer
que o país volte a crescer”, afirmou Costa.

Diante de empresários industriais, o novo executivo do BNDES
defendeu a volta da demanda por crédito ao BNDES e que é “preciso mais
gente reclamando da TJLP a 7%”. “É [uma taxa] muito alta, hoje ser
6,3%, acabamos de fazer essa conta, que considera regra de revisão da taxa,
meta de inflação mais prêmio de risco. Com prêmio de risco e inflação caindo, a
TJLP deveria ser de 6%”, disse Costa, que foi interrompido por aplausos
dos empresários.

José Velloso, executivo da Abimaq, lembrou que a TJLP pode
ser revisada nas reuniões do Conselho Monetário Nacional (CMN). Já o presidente
da entidade, João Carlos Marchezan, acrescentou que foi surpreendido pelo
discurso e que vai incluir a redução da TJLP antes da entrada em vigor da TLP
na agenda de pressão da Abimaq.

Na avaliação de Costa, a política de juro subsidiado
praticada pelo BNDES nos últimos anos evitou que o nível de investimentos no
país caísse ainda mais.

“Se não fosse a TJLP a 7%, a situação [do investimento]
estaria muito pior. O crédito baixo do BNDES é uma proteção que o país precisa
quando os juros estão muito altos. Podem dizer que essa política enfraquece a
potência da política monetária, mas enfraquece pelo canal do investimento, o
que é positivo para controlar a inflação no futuro e manter o crescimento. É o
sonho de toda política monetária”, afirmou Costa. ” Brasil não pode
se contentar com crescimento de 3%, tem que resgatar suas ambições.”

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