Safra americana pressiona cotações dos grãos em Chicago

Os preços dos grãos bem que ensaiaram uma recuperação na
bolsa de Chicago em julho, mas voltaram a recuar em agosto e permanecem em
patamares baixos se comparados aos da primeira metade desta década. Ocorre que
o desenvolvimento das lavouras de milho, soja e trigo transcorreu bem no mês
passado nos Estados Unidos, o que dissipou as preocupações em relação a
eventuais perdas e confirmou o cenário de ofertas confortáveis em relação às
demandas, que deverá dar o tom em todo o segundo semestre.

Cálculos do Valor Data com base nas médias mensais dos
contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que, no mercado de soja
– carro-chefe do agronegócio brasileiro -, a queda do mês passado foi de 5,48%.
Em relação à média de dezembro, o valor é 8,43% menor, e na comparação com
agosto de 2016, há retração de 4,64%. No caso do milho, a baixa sobre o mês
anterior foi de 5,7%, mas em relação a dezembro e a agosto de 2016 as variações
são positivas – 2,9% e 10,33%, respectivamente. O Brasil lidera as exportações
globais de soja, e é o segundo no ranking do milho.

A cotação média dos papéis do trigo – as importações
brasileiras do cereal estão entre as maiores do mundo – caíram ainda mais em
agosto na comparação com o mês anterior (13,3%), mas o valor ainda é maior que
o registrado em dezembro (10,35%) e que o de agosto de 2016 (6,23%). Mas na
comparação com agosto de 2012, por exemplo, nos três casos (soja, milho e
trigo) os atuais patamares de negociação são cerca de 50% menores – eram
tempos, contudo, em que a demanda ainda crescia em velocidade maior que a
oferta. Os últimos movimentos dos fundos especulativos que atuam em Chicago
indicaram aumento nas apostas de baixa.

Na bolsa de Nova York, as principais “soft
commodities” variaram menos, e todas (açúcar, café, cacau, suco e algodão)
fecharam agosto com quedas tanto em relação às médias de dezembro quanto sobre
as de agosto do ano passado. Na comparação anual, quem mais perde é o cacau
(34,72%), seguido por açúcar (28,99%), suco de laranja (26,22%), café (5,18%) e
algodão (1,95%). As boas produções brasileiras de cana e laranja pressionam
açúcar e suco, mas os problemas de rendimento em lavouras do país passaram a
oferecer suporte ao café.

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