Consórcio fez 30 alterações em contrato e adianta R$ 354 milhões no VLT de MT

Um ofício enviado em 2012 pelo Consórcio VLT Cuiabá/Várzea
Grande ao ex-secretário extraordinário da Copa, Maurício Guimarães, propondo a
alteração de 30 itens do contrato da organização, responsável pela implantação
do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com o Governo do Estado, possibilitou um
“adiantamento” de R$ 354,2 milhões as empresas. Parte do dinheiro teria
“voltado” como propina no pagamento de empresas terceirizadas, que prestavam
serviços ao consórcio, e que cobravam dívidas do ex-governador Silval Barbosa
(PMDB).

As informações estão presentes num inquérito da Polícia
Federal utilizado como base para deflagração da “Operação
Descarrilho”, que apura fraudes no processo de licitação para escolha do
modal do VLT. O valor inicial do contrato com o Consórcio estava previsto em R$
600 milhões.

Porém, em torno de 60% dele, o equivalente a R$ 354,2
milhões, foram “adiantados” em junho de 2012, quase dois anos antes do término
previsto para as obras, após autorização de Maurício Guimarães, que concordou
com as mudanças de forma “extremamente ágil”. “O Consórcio VLT protocolou, na
data de 18 de junho de 2012 na Secopa, expediente propondo a alteração de mais
de 30 itens na redação das cláusulas da minuta do contrato. Tal alteração
devidamente homologada por Maurício Guimarães importou na facilitação do jogo
de planilha e cronograma elaborado pelo Consórcio VLT, pois a alteração
permitiu o adiantamento de R$ 354,2 milhões. Na mesma data em que o pedido foi
encaminhado à Secopa, homologou-se o parecer, de forma extremamente ágil”, diz
trecho do inquérito.

Um dos motivos do adiantamento milionário, de acordo com o
inquérito da Polícia Federal, seria uma dívida que a Ferconsult, empresa
portuguesa especializada em projetos de transporte público, cobrava de Silval
Barbosa. Durante uma visita a Portugal, em 2012, o ex-governador conheceu as
instalações da organização, que se comprometeu a “doar” o projeto básico do VLT
ao Governo de Mato Grosso.

O custo dos estudos, na época, foi de R$ 14 milhões. Mesmo
com a “cortesia”, a Ferconsult não foi escolhida na licitação.

Outro possível destino de parte do adiantamento ao Consórcio
VLT Cuiabá Várzea Grande, liderado pela empresa CR Almeida, foi um empréstimo
de mais de R$ 29,5 milhões que a Todeschini Construções e Terraplenagem Ltda,
de propriedade de João Carlos Simoni, contraiu em 2012 para pagar dívidas de
campanha de Silval Barbosa. O ex-governador pediu que a CR Almeida contratasse
uma outra empresa de Simoni para prestação de serviços de implantação do VLT –
a Cohabita, que recebeu em torno de R$ 16,2 milhões.

Uma equipe da Polícia Federal esteve no endereço da Cohabita
e não encontrou nenhum funcionário no local. Suspeita-se que ela seja uma
empresa de fachada.

Fonte: FolhaMax

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