‘Devolução é improvável’, diz presidente do BNDES

O presidente do BNDES, Paulo
Rabello de Castro, afirmou ontem que é “improvável” que o banco devolva ao
Tesouro em 2018 os R$ 130 bilhões que a União está lhe pedindo para reforçar o
caixa do Tesouro e cumprir a meta de déficit nas contas públicas. Em tom
irônico, Paulo Rabello afirmou que o banco não tem tantos cheques assim para a
“viúva” equilibrar as suas contas.

— A devolução em 2018 é
materialmente improvável. Esse recurso não vai estar lá e ponto — disse Paulo
Rabello, após participar de evento promovido pela Câmara de Comércio Árabe, em
São Paulo.

O BNDES já havia se comprometido
a devolver R$ 50 bilhões dos recursos aportados pelo Tesouro neste ano, de um
total de R$ 180 bilhões que o Ministério da Fazenda definiu como necessários
para o cumprimento das metas de déficit em 2017 e 2018. ‘PORNOGRAFIA ECONÔMICA’
Segundo Paulo Rabello, para devolver R$ 130 bilhões em 2018, o banco teria de
“raspar o fundo” do seu caixa, algo imprudente em termos administrativos.

— Todo mundo tem algum dinheiro
no bolso. Se não tiver, fica muito vulnerável. Além do mais, nós carregamos
caixa de terceiros. Portanto, não se pode olhar para o caixa do BNDES e achar
que é necessariamente uma disponibilidade — observou.

Durante sua apresentação a
empresários da Câmara Árabe, Paulo Rabello também atacou os juros
excessivamente elevados vigentes no país:

— O juro alto é altamente
desmoralizante. É a instalação da pornografia econômica no Brasil.

Os ministros da Fazenda, Henrique
Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmaram ontem que os valores
que o BNDES devolverá ao Tesouro em 2018 ainda estão em fase de análise. Ambos
minimizaram as reclamações de Paulo Rabello em relação ao impacto da devolução
e disseram que a capacidade do banco será respeitada.

— Acho normal a defesa aguerrida
do interesse direto da instituição pela direção. Estamos todos trabalhando para
conseguir o melhor possível. Mas esse processo está em andamento, dentro de um
processo de negociação tranquilo, normal. E a decisão final é do conselho do
BNDES — explicou Meirelles. E Oliveira completou: — Eu não me baseio nas
interpretações. Nas conversas que nós temos, o tom é sempre muito cordial e
construtivo.

Meirelles ponderou que, com o
governo trabalhando para que o BNDES tenha taxas mais próximas às de mercado, a
tendência é que o banco possa começar a colocar títulos no mercado e fique mais
independente do Tesouro.

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