Licitação da Norte-Sul e da Ferrogrão superestima demanda, diz Rumo

Os leilões das ferrovias Norte-Sul e Ferrogrão, previstos
para o início de 2018, não são atrativos, disse nesta segunda-feira o
presidente-executivo da Rumo, Julio Fontana Neto.

“Estamos cumprindo obrigação de olhar, mas a questão
econômico-financeira precisa de mais consistência, a demanda a nosso ver está
superestimada”, disse Fontana Neto a jornalistas.

Com 1,1 mil quilômetros, a Ferrogrão ligará produtores de
grãos do Centro-Oeste ao porto de Miritituba (PA), escoando a produção a portos
do Norte do país. E o trecho da Norte-Sul que o governo quer leiloar em 2018
tem cerca de 1,5 mil quilômetros entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste
(SP), ligando à malha paulista da Rumo, que leva até o Porto de Santos (SP).

Os comentários foram feitos durante apresentação da
Rumosobre interesse da companhia de antecipar a renovação da concessão da malha
paulista, que termina em 2028. Uma renovação, prevista em contrato, elevaria a
concessão por mais 30 anos.

Segundo executivos da Rumo, a renovação antecipada traria
benefícios à companhia, que teria melhores condições de negociar contratos com
clientes como as tradings que operam em Santos.

Não há previsão para quando o governo federal responderá se
aceita renovar a concessão. No mês passado, o Ministério Público Federal pediu
que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não renove
antecipadamente a concessão de cinco ferrovias sem aval prévio do Tribunal de
Contas da União (TCU) sem antes ter certeza de isso é melhor que fazer outra
licitação.

Segundo o diretor de regulação e assuntos institucionais
daRumo, Guilherme Penin, a empresa tem tentado convencer o TCU de que a
renovação antecipada seria benéfica para o país, porque os investimentos na
malha ajudariam a acelerar o escoamento da produção do agronegócio brasileiro
pelo modal ferroviário, mais eficiente do que o rodoviário.

Pelas contas da Rumo, hoje 70% dos cerca de 35 milhões de
toneladas da produção brasileira de grãos que fluem por regiões atendidas pela
Rumo são escoadas por caminhões até os portos, com os 30% restantes pela malha
ferroviária.

“Essa equação deve se inverter, com cerca de 70%
escoado por vias ferroviárias até 2023”, ano no qual Rumoestima que sua
capacidade de transporte de carga deve subir para cerca de 75 milhões de
toneladas, disse Penin à Reuters.

Nos últimos anos, a Rumo investiu quase R$ 5 bilhões,
incluindo a compra de 150 locomotivas e 2,7 mil vagões, para ampliar sua
capacidade de transporte na malha. A estimativa da Rumo é de que isso ajudará
nos próximos anos a reduzir em média 25% o tempo médio de escoamento da
produção entre Rondonópolis (MT) e o porto de Santos.

 

ALAVANCAGEM

 

Com uma combinação de aumento dos volumes e captação de
recursos, a companhia vem reduzindo sua alavancagem financeira o que, segundo
seus executivos, deve deixá-la pronta para novos investimentos ou elevar
dividendos a partir de 2020.

Neste ano, a Rumo captou R$ 2,6 bilhões numa oferta
subsequente de ações. Além disso, deve obter nas próximas semanas um empréstimo
de cerca de R$ 3,5 bilhões do BNDES, referenciados na TJLP, recursos que serão
usados em parte para desembolsos já feitos.

Com isso, a relação entre dívida líquida e Ebitda deve
fechar 2017 ao redor de 2,5 vezes, ante índice de 4,3 vezes no fim de junho,
disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Rumo, Ricardo
Lewin.

Na semana passada, a Rumo previu que seu Ebitda deve subir
de cerca de 2,6 a 2,8 bilhões neste ano para 4,4 a 4,6 bilhões em 2020,
enquanto o volume de investimentos deve diminuir de 2 a 2,2 bilhões para 1 a
1,3 bilhão no período.

A ação da Rumo caía 1,2% às 15h48 na bolsa paulista,
enquanto o Ibovespa tinha baixa de 0,5%.

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