Mesmo sem Congonhas, privatização de aeroportos anima investidores

O governo deu sinal verde nesta quarta-feira (25) para a
privatização de 13 aeroportos, que poderão ser concedidos individualmente ou em
blocos, considerando que a maior parte deles tem baixa atratividade econômica.

Os aeroportos localizados em capitais, como Vitória (ES),
Recife (PE), Aracaju (SE) e Maceió (AL), são vistos como ativos mais
interessantes para investidores.

Os outros são Macaé (RJ), Juazeiro do Norte (CE), Campina
Grande e Bayeux (PB) e Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Alta Floresta e
Barra do Garças (em MT).

Conforme a Folha antecipou, o aeroporto de Congonhas,
considerado a “joia da coroa”, ficou de fora da lista por razões
políticas. A decisão do presidente Michel Temer de excluir Congonhas das
privatizações foi uma promessa feita ao ex-deputado Valdemar Costa Neto, que
tem forte influência no partido, em troca de votos do PR contra a denúncia da
Procuradoria-Geral da República na Câmara nesta quarta.

A reviravolta vem dois meses após o conselho do PPI
(Programa de Parcerias em Investimentos) ter aprovado e anunciado que o
aeroporto da capital paulista também seria vendido no pacote.

O recuo não deve desanimar os investidores, segundo
especialistas. Para o presidente da Abdib (Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base), Venilton Tadini, a estratégia de conceder
os empreendimentos em blocos, misturando aeroportos mais rentáveis com outros
menos, garante o interesse.

O advogado José Guilherme Berman, sócio do escritório BMA
(Barbosa, Müssnich, Aragão), no entanto, pondera que essa costura dos blocos é
fundamental para gerar um equilíbrio atraente e precisa ser bem-feita.

A ideia inicial do governo é fazer um bloco para os
aeroportos do Nordeste, outro para Mato Grosso e outro com Macaé e Vitória.

O BMA assessorou a suíça Zurich, que levou a concessão do
aeroporto de Florianópolis no leilão de março, evento do qual também fizeram
parte os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Fortaleza, todos arrematados
por companhias estrangeiras.

O novo bloco de 13 empreendimentos deve voltar a atrair
estrangeiros.

“São empresas grandes, multinacionais. Quando começam a
operar mais de um aeroporto no mesmo país, os custos tendem a baixar. Se já têm
operação implementada aqui, possivelmente vão conseguir fazer propostas
melhores. Isso facilita”, diz Berman.

Bruno Werneck, sócio do escritório Mattos Filho, acredita
que os estrangeiros que entraram no leilão do primeiro semestre vieram para
ficar e possivelmente terão interesse em expandir as operações.

“Investimento em infraestrutura permite um retorno
relativamente estável e no longo prazo. Isso é o sonho de muitas classes de
investidores”, afirma Werneck.

Ele não revelou se a francesa Vinci, sua cliente e vencedora
do leilão de Salvador, em março, está interessada em algum dos aeroportos.

Apesar da retirada de Congonhas, Fernando Villela, do
Siqueira Castro Advogados, considerou a notícia positiva.

“Vinha sendo ventilado que governo poderia até deixar
de fazer leilão de aeroportos em 2018. E sabemos que a raiz disso era a
indefinição em relação à Infraero e Congonhas. Então, foi melhor assim. Passa
uma boa mensagem ao mercado.”

O governo deixou de exigir neste ano que a Infraero tivesse
fatia de 49% nos aeroportos privatizados, o que despertou mais o interesse de
investidores estrangeiros.

 

TROCA DE MÃOS

 

Veja aeroportos que vão ser privatizados:

Passageiros transportados no ano passado*

Recife (PE)

3, 419 milhões

Vitória (ES)

1,527 milhão

Várzea Grande (MT)

1,413 milhão

Maceió (AL)

987 mil

João Pessoa (PB)

707 mil

Aracaju (SE)

607 mil

Juazeiro do Norte (CE)

261 mil

Sinop (MT)

113 mil

Campina Grande (PB)

61 mil

Rondonópolis (MT)

37 mil

Alta Floresta (MT)

35 mil

Barra do Garça (MT)

2.102

*Macaé não teve voos comerciais no ano passado

 

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por Pampulha

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