Rumo avança com três sócios potenciais para Malha Sul

Três dos interessados em aportar capital na América Latina
Logística Malha Sul estão em processo de auditoria legal sobre o ativo para
decidir se participam ou não da sociedade com a Rumo Logística, afirmou ontem o
presidente da companhia controlada pela Cosan, Julio Fontana.

O Valor adiantou, há dois meses, que pelo menos 18
investidores se interessaram pelo negócio, mas ao menos três estão realizando a
“due diligence”. O parceiro deve dividir metade do cronograma de
investimentos no ativo, orçados em R$ 4 bilhões.

O aporte é necessário para realizar reformas na via, mas
também por motivos estratégicos. A Rumo tenta capturar maior volume de cargas
disponível na região. Atualmente, segundo o executivo, cerca de 90% do açúcar local
é movimentado pela empresa, mas apenas 20% dos grãos – que têm maior potencial.

Um dos ramais que vai permitir à Rumo se beneficiar dessa
oportunidade é o de Guarapuava a Cascavel. Outro, vai de Maringá a Porto
Primavera, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Os recursos
provavelmente serão captados por meio de uma oferta primária de ações,
acrescentou Fontana.

O executivo conversou ontem com jornalistas em evento no
qual a Rumo lançou uma campanha oficial pela renovação da concessão da Malha
Paulista. A operadora vai apostar nos benefícios do agronegócio e do modal
ferroviário para conquistar apoio nesse processo, já em andamento há quase dois
anos.

A concessão vence em 2028 e a empresa quer estendê-la por
mais 30 anos. As conversas estão caminhando lentamente, informa a Rumo, pelo
nível de detalhamento exigido especialmente pelo Tribunal de Contas da União
(TCU).

“É a primeira vez que temos uma renovação do segmento
no país, e desse porte”, disse Guilherme Penin, diretor de regulação e relações
institucionais da companhia. “Por isso estamos enfrentando um escrutínio
até maior do que o normal.”

A companhia pretende investir R$ 5 bilhões adicionais na
linha, que vai do porto de Santos até a fronteira com o Mato Grosso do Sul
atualmente. O dinheiro servirá para reabrir antigos ramais, aumentar eficiência
para receber cargas adicionais e melhorar o acesso à Baixada Santista, entre
outras medidas. A capacidade de transporte subiria de 30 milhões de toneladas
para 75 milhões de toneladas por ano.

Fontana afirmou, antes do evento, que trabalha com uma
perspectiva de data limite em fevereiro de 2018 para que uma decisão seja
alcançada. É quando o governo pretende leiloar a operação da ferrovia
Norte-Sul, que terá uma ligação com a Malha Paulista por meio de Estrela
d’Oeste (SP).

A Rumo quer preparar a Malha Paulista, ainda muito regional,
para receber volumes da Norte-Sul e cargas que chegam pela ponta de
Rondonópolis (MS). De 2000 ao ano passado, o aumento de carga recebida foi de
1,5 milhão de toneladas, em média, por ano. Até 2023, a companhia quer atender
o quíntuplo desse aumento, 7,5 milhões de toneladas a mais por ano.

Dentre os benefícios que traria ao país, segundo a própria
Rumo, está a mudança de prioridade para ferrovias, menos poluentes e potencialmente
mais eficientes do que caminhões em rodovias. A companhia pretende levar 70%
das cargas ao porto de Santos de trem, contra 30% atualmente. Ela calcula que a
geração de empregos diretos e indiretos poderia chegar a 30 mil e o ganho no
Produto Interno Bruto (PIB) chegaria a R$ 12,3 bilhões.

Ainda, conforme Ricardo Lewin, diretor financeiro da Rumo, a
empresa está prestes a receber R$ 3,5 bilhões do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, em parte, financiará o investimento
necessário na Malha Paulista. Desse montante, cerca de R$ 1,7 bilhão já foi
alocado a projetos realizados pela Rumo.

A linha de crédito é parte dos esforços da empresa para
diversificar fontes de captação. Após levantar R$ 2,6 bilhões com uma oferta subsequente
de ações, que servirá para abater dívida e custo de capital, a empresa quer
recursos mais baratos.

Desde que adquiriu a ALL, a Rumo já investiu R$ 4,9 bilhões
nas linhas que opera, principalmente em melhoria das vias e na compra de novas
locomotivas e vagões. Até o fim de 2017, espera totalizar R$ 6 bilhões em
investimentos – em um período de quase dois anos e meio. “Acho que em
proporção do resultado, a Rumo é uma das empresas que mais investiu durante o
momento atual do país”, disse Fontana.

Sobre a oferta subsequente de ações realizada este mês, o
executivo comemorou a aceitação dos investidores. “Tivemos dez vezes a
demanda frente ao que oferecemos e precisávamos”, disse. “Isso mostra
que o mercado agora confia na companhia.”

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