Leilão do trecho Norte do Rodoanel entra na mira da CCR

Depois de ficar de fora dos últimos leilões de rodovias em
São Paulo, a CCR pretende disputar a concessão para explorar o trecho Norte do
Rodoanel, cuja licitação está prevista para 10 de janeiro, na B3. “Estamos
olhando com mais foco essa oportunidade”, afirmou ontem ao Valor o
presidente da companhia, Renato Vale, após evento com investidores.

Na visão da empresa, o edital desse trecho, que fecha o anel
viário paulista, trouxe regras que mitigam os riscos do negócio. Vale destacou
que foram reduzidos riscos ambientais, sociais (como remanejamentos de famílias
que serão feitos pelo governo) e geológicos.

“Itens que foram objeto de preocupação para nós nos
outros dois lotes estão bastante minimizados neste”, disse, referindo-se
às concessões da Rodovias do Centro Oeste e da Rodovias dos Calçados, no
primeiro semestre. Além disso existe uma oportunidade de sinergia com o trecho
Oeste do Rodoanel, já sob concessão da CCR, pois ambos se ligam. “Há
sinergia de gestão e de gerenciamento. E é São Paulo”, afirmou Vale, sobre
a relevância de ter no portfólio ativos no Estado.

O trecho Norte terá 48 quilômetros de extensão e está quase
concluído. Por isso as obrigações de investimentos da concessão não são
consideradas pesadas: R$ 581,5 milhões a serem realizados ao longo dos 30 anos
de contrato. Vence o leilão quem oferecer o maior ágio sobre a outorga mínima
de R$ 462,3 milhões, um valor classificado como “compatível” pela
CCR.

A licitação prevê um mecanismo de garantia com liquidez: 28%
da outorga fixa só será liberada junto com a licença de operação do primeiro
segmento. Os 72% restantes serão liberados em dezembro de 2019.

Ativos como o trecho Norte do Rodoanel são o típico exemplo
de negócio em que a CCR deve apostar no que Vale chamou de “novo ciclo de
investimento”. De 2012 a 2016 o grupo investiu em cinco projetos, alguns
feitos do zero. “Estamos procurando agora projetos que já existem, que
exigem investimentos adicionais e tenham necessidade de uma gestão mais
inteligente”, disse o executivo. A maior parte será no Brasil, mas a
empresa estuda oportunidades em vários países na América Latina e Estados Unidos
nas áreas de mobilidade urbana, rodovias e aeroportos.

No início do ano a CCR fez uma oferta subsequente de ações
em que captou R$ 4 bilhões, a maior parte do dinheiro está no caixa.

Em setembro a alavancagem da empresa estava em 2,2 vezes a
relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda). Para alçar voos maiores, a CCR considera que tem
potencial de se endividar em mais R$ 7 bilhões, o que alcançaria o limite de
alavancagem com o qual trabalha, de 3,5 vezes.

Segundo o diretor de relações com investidores, Arthur
Piotto Filho, a empresa pretende manter a estrutura atual de fontes de
financiamentos para os investimentos futuros. Questionado sobre como disputar
ativos com investidores internacionais que acessam o capital a custos menores,
Piotto Filho disse que isso é um “problema que carregamos”. Vale
destacou, porém, que “uma coisa é custo de capital outra é oportunidade de
investimento. Vamos procurar as oportunidades que fizerem sentido para
nós”.

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