A greve dos metroviários chega ao 28º dia nesta quarta-feira
(5/12). Sem acordo entre a estatal e os funcionários, a população que precisa
do transporte público continua a passar por vários transtornos. Enquanto isso,
a empresa acumula prejuízos na arrecadação. De acordo com a Companhia do
Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), os prejuízos desde 9 de novembro
com a greve é de aproximadamente R$ 6 milhões.
No início da manhã, a correria do entra e sai das estações
contrastava com o longo tempo de espera pelos trens. O bancário Edward Jácomo,
47 anos, precisou utilizar um aplicativo de transporte para ir ao trabalho, no
Setor de Autarquias Norte, durante os primeiros dias de greve. Agora, com a
frota de 75% em horários de pico e variação de 12,5 a 50% nos demais, ele
voltou a depender do transporte metroviário. “Moro em Águas Claras justamente
por causa do metrô. Com a estação Arniqueiras fechada, tenho que pegar um
ônibus para outra plataforma. A espera me faz ter que sacrificar meu almoço”,
conta.
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O tempo de espera, que chega a uma hora em alguns horários,
também é grande fora das estações. Nilda Vitorina de Almeida, 53, é presidente
da Associação dos Moradores de Fundo de Quintal do Distrito Federal. “Eu sempre
tenho coisas para resolver em Arniqueiras. Vim para cá às 10h30, mas só vou
poder voltar quando a estação abrir. Até lá vou ter que ficar aqui esperando”,
comenta a moradora de Ceilândia.
Outro problema é o desrespeito quanto ao uso dos assentos
preferenciais dos vagões – destinados a grávidas, idosos, mulheres com crianças
de colo e pessoas com deficiência. Com dois filhos no colo, de 11 meses e de
quatro anos, a administradora Flávia Costa, 25, ia de Samambaia à estação
Central. “O metrô vai tão lotado que não tem espaço para sentar, e as pessoas
não respeitam o lugar preferencial”, destaca.
Prejuízo financeiro e social
Em decorrência da greve, com adesão de 70% dos empregados,
cerca de 50 mil pessoas deixam de usar o metrô diariamente, segundo a
instituição. Com isso, a empresa perdeu aproximadamente R$ 3,3 milhões por
semana nos dias em que o sistema ficou completamente parado, com exceção do fim
de semana, quando a média de usuários é menor.
Para o especialista em análise comportamental dos usuários
de transporte urbano da Universidade de Brasília (UNB) Pastor Gonzales, a
demora em resolver o impasse gera nos usuários um descrédito na mobilidade da
capital. “A prolongação da greve demonstra uma falta de coordenação entre as
instituições envolvidas nas negociações.”
Segundo ele, o impasse causa um impacto social grande para
quem depende do meio de transporte, e uma intervenção do GDF se faz necessária.
“A lei estabelece uma cooperação que não está acontecendo e falta um
interlocutor como o governador Rodrigo Rollemberg”, opinou.
Conforme posicionamento do Tribunal do Trabalho da 10ª
Região (TRT/10), que avalia o caso, não há previsão de mudanças na situação do
metrô. Na segunda-feira (3/12), o órgão redistribuiu o processo para o
desembargador André Rodrigues Pereira da Veiga Damasceno
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