O programa de concessões de infraestrutura do
governo de Michel Temer não considera riscos climáticos, o que deixa projetos
como estradas e ferrovias expostos a eventos como inundações e a prejuízos de
bilhões de reais, afirma relatório do braço brasileiro da organização não
governamental internacional WWF, divulgado nesta terça-feira.
Segundo o levantamento, o Brasil sofre por ano
perdas de mais de 9 bilhões de reais em vários setores por desastres naturais
que incluem secas e inundações causadas por chuvas e elevação do nível do mar.
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“A infraestrutura requer investimentos de longo
prazo, e os custos para sua recuperação, quando afetada por desastres e eventos
extremos, estão entre os mais elevados”, disse em comunicado à imprensa a
diretora da área de riscos e oportunidades ambientais da iniciativa Infra2038,
Natalie Unterstell, autora do relatório da WWF.
A iniciativa foi criada este ano durante reunião
anual da Fundação Lemann, do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, neste
ano e tem como objetivo colocar o Brasil entre os 20 primeiros países no
quesito “infraestrutura” do ranking de competitividade do Fórum
Econômico Mundial até 2038. O país ocupa a 116ª posição no ranking atualmente.
“Como atualmente não há qualquer intervenção no
sentido de considerar dados climáticos futuros na contratação, na construção e
na operação dessas infraestruturas, o senso comum indica que elas estão sob
ameaça”, acrescentou Unterstell.
A WWF, dedicada à conservação da natureza, sustenta
que cenários de redução de chuvas no Norte, assim como aumento de chuvas no
Sudeste e elevação do nível do mar em regiões litorâneas do país, “já
apontam para prejuízos diretos em infraestruturas de energia e
transportes”, daí a necessidade de se considerar os riscos climáticos na
modelagem das futuras concessões do país.
O relatório cita riscos envolvendo hidrelétricas,
redes de transmissão de energia, rodovias, ferrovias e portos. Mudanças na
temperatura global tendem a favorecer chuvas nas regiões Sul e Sudeste do país
e reduzir precipitações no Norte e no Nordeste, com isso, o cenário tende a
“afetar negativamente a malha rodoviária e a funcionalidade do sistema
hidrelétrico”.
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