Por dentro do misterioso metrô da Coreia do Norte

A Coreia do Norte não é um destino turístico comum. Os
visitantes que entram no país – mais de 90% provenientes da China – devem
seguir um roteiro rígido e são acompanhados por guias do regime 24 horas por
dia. Em outubro de 2017, a fotógrafa Elaine Li, de 25 anos, foi uma das
viajantes que conheceu de perto a capital norte-coreana, Pyongyang. O metrô da
cidade atraiu o olhar da jovem de Hong Kong, e seus cliques revelam o interior
das misteriosas estações, repletas de lustres luxuosos, sancas em gesso,
painéis decorativos e muita propaganda do governo.

Construído a 110 metros abaixo da superfície, o Metrô de
Pyongyang é o mais profundo do mundo e tem seus corredores separados por
grossas portas de aço. Assim, o local pode servir como abrigo em caso de
conflito armado.

“A primeira coisa que notei foi que, embora as estações
sejam muito mal iluminadas, os interiores são muito elegantes. Você vê lustres
nos tetos, pilares de mármore e pinturas de Kim Jong-il”, contou Elaine em
entrevista à CNN Style. “Isso foi muito interessante para mim, porque, em
cidades cosmopolitas como Hong Kong, somos bombardeados com publicidade. Em
Pyongyang, eles são bombardeados com propaganda”, destacou.

Grande parte do cotidiano dos norte-coreanos não é acessível
aos turistas, que seguem um itinerário restrito. Mesmo assim, Elaine pôde
fotografar as estações de metrô sem muitos impedimentos. “Os guias de turismo
nos acompanharam durante a viagem toda, mas na plataforma estávamos livres para
vagar por aí”.

“Quanto às viagens de metrô, só fomos autorizados a viajar
por algumas paradas, e só conseguimos sair em determinadas estações. A única
restrição foi que não tínhamos permissão para tirar fotografias do interior dos
túneis, não sei por quê”, lembra a fotógrafa, que tem um largo portfólio de
fotografias urbanas e é seguida por mais de 217 mil pessoas no Instagram.

 

Propaganda em cada detalhe

 

Ao contrário do que acontece na maioria dos sistemas de
transporte dos países ocidentais, os nomes das estações do Metrô de Pyongyang
não se referem ao local em que se encontram, mas a temas que glorificam
expressões comunistas e o regime do país. O visual soberbo das estações, que
começaram a ser construídas em 1968, tem inspiração no Metrô de Moscou
estalinista, com seus grandes candelabros e monumentos.

Os trens são ornamentados com fotografias de Kim Il-Sung
(líder da Coreia do Norte desde a fundação do país, em 1948, até 1994) e de Kim
Jong-il (o filho, que lhe sucedeu de 1994 a 2011) expostas sempre em sua parte
superior, de forma que eles pareçam olhar para os viajantes. Quando os
norte-coreanos embarcam, são proibidos de conversar. O clima ultranacionalista
invade o som das estações, onde o hino nacional da Coreia do Norte e músicas
patrióticas tocam de maneira constante.

 

 

Fonte:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*