Mesmo após conquistar dois negócios em
menos de um mês – Trecho Norte do Rodoanel e MGO Rodovias -, a Ecorodovias
continuou indo às compras. Venceu ontem a licitação para explorar por 30 anos o
lote rodoviário de Montes Claros (MG) ao ofertar R$ 2,06 bilhões. A licitação
foi conduzida pelo governo de Minas Gerais.
Ao Valor, o presidente da Ecorodovias,
Marcelino Rafart de Seras, disse que o negócio tem a melhor taxa de retorno dos
últimos três projetos, com dois dígitos.
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O pagamento será feito em 348
parcelas, a começar pelo primeiro mês do segundo ano de contrato. O critério da
concorrência foi a maior oferta de outorga da concessão – sem valor mínimo. A
concessão compreende um trecho de 301 quilômetros da BR-135 entre o
entroncamento com a BR-040 e o entorno de Montes Claros, cerca de 40,1 km da
rodovia de ligação LMG-754 entre Curvelo e Cordisburgo e uma extensão de 22,6
km da MG-231, também na região de Curvelo.
O projeto prevê necessidade de R$ 1,1
bilhão em investimentos nos cinco primeiros anos, sobretudo em duplicações. É
quase 62% do total a ser desembolsado ao longo da concessão. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará até 80% à TJLP.
O projeto prevê necessidade de R$ 1,1
bilhão em investimentos nos cinco primeiros anos, sobretudo em duplicações. É
quase 62% do total a ser desembolsado ao longo da concessão. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará até 80% à TJLP.
Apesar de serem no mesmo Estado, o
pacote de rodovias não tem sinergia com a MGO (trecho da BR-050 entre Goiás e
Minas Gerais). Seras afirma que o pacote recém-arrematado é um importante
corredor, que corre paralelamente à BR-116. “Acreditamos que a BR-116
deverá ser licitada. Saímos na frente.”
O Bradesco BBI destacou em relatório
que, com os movimentos feitos até agora, a Ecorodovias irá aumentar a
alavancagem (medida pela relação dívida líquida/Ebtida) para 3,5 vezes entre
2018 e 2019 ante 2,5 vezes no terceiro trimestre de 2017. Além do Rodoanel, da
MGO e do pacote mineiro, a Ecorodovias adquiriu recentemente fatias na Ecosul e
ECO 101. Se quiser continuar adicionando projetos ao portfólio, a empresa
precisará levantar quase R$ 2 bilhões para desalavancar o balanço, acreditam os
analistas do banco.
Apesar de o projeto mineiro
estabelecer o retorno de 9,2%, a projeção do banco é que a Ecorodovias tenha um
retorno desalavancado de 7%. Projeção que leva em conta a curva de tráfego
acima do plano de negócios do governo, economia de custos operacionais e
redução de 10% na projeção de investimento. O Bradesco vê uma taxa de retorno
alavancada de 11%.
“A característica desse projeto é
de muita financiabilidade. E o aporte necessário para cobrir a diferença é
pouco”, disse Seras.
Além da Ecorodovias, disputaram a
licitação os consórcios Nova MG, que ofereceu R$ 1,2 bilhão, e Minas Itália,
com R$ 858,4 milhões. O Nova MG foi formado, sobretudo, por empresas que
constituíram a MGO. No Minas Itália um dos principais destaques foi a
Concremat, empresa de engenharia comprada pela chinesa CCCC em 2016. Foi a
primeira incursão da asiática em rodovias brasileiras.
A CCR tinha a intenção de concorrer,
mas se atrasou para entregar a documentação, na segunda-feira. Procurada, não
quis comentar. Após a vitória, as ações da Ecorodovias fecharam ontem em alta
de 5,07%, a R$ 11,40.
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