Diante dos
rumores de que a Suzano Papel e Celulose estaria novamente prestes a selar a
compra da Fibria, a Paper Excellence (PE), produtora de celulose que pertence
aos mesmos donos da Asia Pulp and Paper (APP), elevou o preço oferecido pela
empresa, apurou o Valor. No papel, a proposta passou de R$ 67 para R$ 71,50 por
ação.
Mas, para o
bolso dos vendedores, aumento é quase inexistente se a operação for fechada em
um ano. Mas, se liquidada de imediato, corresponderia a uma alta de até 6,7%. A
proposta original previa correção dos R$ 67 pelo CDI, o que resultaria em pouco
mais de R$ 71 por ação se o pagamento ocorresse em 12 meses. A oferta
atualizada – por todas as ações, incluindo minoritários – não prevê nenhum tipo
de correção no preço e tem o mesmo prazo.
A oferta da
Suzano avalia a Fibria em R$ 70 por ação. A companhia já apresentou a garantia
dos recursos para cerca de 90% do pagamento à vista. Até o momento não há
indicação de que tenha alterado sua proposta.
egundo
fontes com conhecimento das negociações, a nova proposta da PE foi levada na
quarta-feira aos dois controladores, Votorantim S.A. e Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O contrato apresentado manteve o
pagamento de uma espécie de multa, de US$ 1,2 bilhão, caso o negócio não seja
sacramentado, inclusive por questões relacionadas a financiamento ou
antitruste.
Ontem à
noite, a empresa se preparava para informar Votorantim e BNDES que já tem
garantia dessa parcela, que será coberta com recursos próprios.
Um ponto
considerado crucial tanto por Votorantim quanto BNDES, porém, não foi
resolvido. A PE não apresentou uma garantia de que terá os recursos para honrar
o negócio – a R$ 71,50, a Fibria é avaliada em R$ 39,7 bilhões, sem considerar
a dívida líquida de cerca de R$ 10 bilhões.
A empresa,
que é assessorada pelo BTG Pactual, está em negociações com instituições
financeiras para estruturar o financiamento da compra. Segundo as mesmas
fontes, a ideia é usar o tempo que será necessário à aprovação do negócio para
fechar o pacote.
Procurada, a
PE não comentou.
A disputa
pela Fibria mobiliza compradores da celulose de eucalipto principalmente na
Europa e envolveu agora os ambientalistas. Ontem, a Environmental Paper Network
(EPN), rede multinacional que reúne organizações de defesa do meio ambiente
como Greenpeace e WWF, manifestou preocupação com a potencial transação, em
carta enviada aos controladores da companhia, à qual o Valor teve acesso.
As 139 entidades
que aparecem sob o guarda-chuva da EPN querem que compromissos relacionados à
sustentabilidade sejam levados em consideração em um contrato de compra e
venda. “Recomendamos que os acionistas vendedores analisem minuciosamente
os compromissos e o desempenho de potenciais compradores em questões sociais,
ambientais e de governança”, diz na carta Merel van der Mark, que coordena
o grupo de trabalho de finanças da EPN.
A rede
recomenda que os vendedores exijam que o potencial comprador assuma o compromisso
de manter o desempenho da Fibria em questões sociais, ambientais e de
governança por meio de cláusulas contratuais. “O fato de não o fazer expõe
acionistas e financiadores a riscos financeiros e de reputação”, diz o
documento.
Conforme a
EPN, independentemente de quem vença a disputa em curso, Suzano ou PE, a
empresa resultante será uma grande participante no mercado internacional. E
grandes participante podem provocar impactos sociais e ambientais relevantes,
alerta.
A asiática
APP enfrenta há anos forte resistência de organizações ambientais na Indonésia,
por causa de problemas relacionados a desmatamento e uso de florestas nativas
para produção de celulose e papel. A pressão de ambientalistas e clientes que
deixaram de usar suas embalagens levaram a APP a divulgar, em 2013, nova
“Política de Conservação de Florestas”, pela qual se comprometeu a
restaurar 1 milhão de hectares e banir o uso de florestas nativas.
– Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/5388587/paper-excellence-faz-ajustes-na-oferta-de-compra-da-fibria
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