Os metrôs de
Recife, Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa e Natal, as cinco capitais
brasileiras operadas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), podem
parar de funcionar até o final do mês se o Orçamento de 2018 para o setor não
for revisto. Foi o que disse nesta quarta-feira (4) o diretor-presidente da
Companhia Brasileira de Trens Urbanos, José Marques de Lima, em audiência
pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR). Cerca de 600
mil pessoas seriam prejudicadas diariamente.
O orçamento
para os metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLTs) das cinco praças, que no
ano passado foi de R$ 265 milhões, caiu para R$ 142 milhões em 2018, para
atender à política de corte de gastos prevista na Emenda Constitucional 95.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Marques de
Lima observou que se chegou a cogitar no início do ano reduzir o número de viagens
e de trens em circulação, mas nova avaliação de técnicos da CBTU aponta que
seria impossível manter o sistema em funcionamento sem o reforço do orçamento:
— Esse corte
no orçamento da CBTU não reduz viagens. Na situação em que se encontra hoje,
nós não operamos mais. O sistema simplesmente para de funcionar. Se o orçamento
não for reposto, o sistema para – alertou o diretor.
O
coordenador-geral de Orçamento do Ministério das Cidades, Octávio Luiz
Bitencourt, reforçou que a pasta já solicitou aos ministérios das áreas
econômicas um crédito de R$ 122 milhões para a CBTU, de forma a recompor o
orçamento e garantir ao menos o que foi gasto no ano passado para manter trens
e metrôs em operação. Caso isso não ocorra, o sistema pode parar de funcionar
em julho, segundo Bitencourt.
— O ministro
das Cidades [Alexandre Baldy] fez a solicitação, mas depende dos ministérios da
área econômica. Estamos negociando. O ministro tem conversado com o ministro do
Planejamento. Temos feito várias reuniões com a Secretaria de Orçamento Federal
– relatou.
Mas Marques
de Lima avalia que a paralisação pode acontecer antes. Segundo ele, contratos
de energia, folha de pagamento dos funcionários e outras despesas inviabilizam
a continuidade da prestação dos serviços caso não haja uma recomposição
imediata:
— Com essa
redução que nós sofremos, teríamos que paralisar o sistema em abril já –
lamentou.
Preocupação
Os senadores
Garibaldi Alves Filho (PMDB -RN), Lídice da Mata (PSB-BA) e a presidente do
colegiado, Fátima Bezerra (PT-RN), manifestaram preocupação quanto ao corte
orçamentário da Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Segundo Fátima, a
população mais pobre e que vive nas cidades das regiões metropolitanas das
capitais seriam as mais afetadas.
— Quando
falamos do trem urbano e do VLT, estamos falando principalmente dos
trabalhadores de baixa renda que levantam cedinho e saem das suas casas para
chegar ao local de trabalho e ter seu ganha pão assegurado todo mês – advertiu.
Investimentos
Além da
redução do orçamento para custeio, caíram também os recursos para investimento.
Em 2012, ano que atingiu o pico de investimentos no setor, foram autorizados R$
783 milhões por meio do Programa de Aceleração do Crescimento para a CBTU. Este
ano, menos de R$ 40 milhões foram destinados para expandir linhas e adquirir
novos trens, conforme a senadora Fátima Bezerra.
Rômulo Dante
Orrico Filho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
observou que os investimentos em mobilidade urbana, especialmente em trens,
metrôs e VLTs ajudam a aliviar o trânsito das cidades e têm impacto positivo na
produtividade.
— Reduzir
investimentos em sistemas ferroviários urbanos é um contrassenso à economia, e
a consequência é a elevação do Custo Urbano Brasil – enfatizou.
Seja o primeiro a comentar