Um projeto
de implantação de um trem turístico promete ligar o Museu do Inhotim, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, ao Museu de Artes e Ofícios na Praça da
Estação, no Centro da capital. A ideia nasceu da união de três Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips): Apito, Instituto Cidades e ONG
Trem. E o custo total estimado é de R$ 15 milhões.
Segundo o
engenheiro ferroviário e presidente da Oscip Apito, Sérgio Motta, os vagões
usados seriam as antigas composições do Vera Cruz, o primeiro trem de luxo que
rodou em Minas Gerais e que, a partir da década de 50, conectou a capital
mineira ao Rio de Janeiro. “Eles serão restaurados e dentro de cada um
teríamos comissárias de bordo, que falariam várias línguas. Além disso, o
passageiro poderia usufruir de cafezinho, refrigerante e salgadinho. Tudo
incluído na passagem que, hoje, custaria, em torno de R$ 68”, explicou
Motta.
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A
expectativa é que, depois das reformas, os vagões tenham capacidade para
transportar 1.480 passageiros por dia, 32.560 por mês e 390.720 por ano. Mas
para que o projeto saia do papel, as Oscips precisam de uma autorização da MRS
Logística, concessionária que detém a exploração do trecho ferroviário, além de
investidores. “Estou em negociação com a diretoria da MRS desde 2010. Fiz
até uma viagem no trecho com um dos diretores. Já perdi investidores porque a
autorização ainda não saiu, mas tem muita gente interessada em investir no
trem”, afirmou Motta.
Já a MRS
logística afirmou que foi informada oficialmente, por meio de nota, apenas
nessa segunda-feira (7) a respeito da intenção das três Oscips e que considera
“uma precipitação por parte das entidades envolvidas neste projeto” a
implantação desse trem.
De acordo
com a MRS, a empresa precisa avaliar todos os aspectos relacionados ao caso,
principalmente, os que envolvem a segurança ferroviária. “Importante
frisar que a tendência mundial é de segregação entre trens de carga e de
passageiros e não o contrário. Como sabe, a MRS Logística é uma ferrovia,
exclusivamente, de cargas”, justificou.
A empresa
destacou ainda que a decisão a respeito de projetos que envolvam transporte de
passageiros é de competência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A ANTT, por
sua vez, informou que “o objeto do contrato de concessão da MRS é a
exploração e desenvolvimento do serviço público de transporte ferroviário de
carga”, não envolvendo portanto o transporte de passageiro. Mas conforme
contrato de concessão, a MRS pode assegurar a passagem de até dois pares de
trens de passageiros, por dia, em trechos com volume anual de tráfego mínimo de
1.500.000 toneladas transportadas por quilômetro.
Quanto à
implantação do trem, a Agência informou que “qualquer empresa que dispuser
interesse em solicitar serviços de transporte ferroviário de passageiros com
finalidade turística, histórico-cultural e comemorativa relativos à prestação
não regular e eventual de serviços, deve obedecer aos procedimentos mediante a
apresentação de requerimento à ANTT, acompanhada da documentação”.
Apoio
A iniciativa
da implantação do trem já conta com apoio do Instituto Inhotim. Por meio de
carta, o diretor Executivo do Museu, Antônio Grassi, informou que oferece apoio
institucional e operacional para que “tal empreendimento se torne uma
realidade e um sucesso”. Segundo Grassi, “uma linha ferroviária para
o Museu colocaria o Inhotim no registro da maioria dos grandes parques
internacionais, que, via de regra, oferecem a estrutura ferroviária como uma
opção de acessos”.
O Instituto
Cultural Flávio Gutierrez, responsável pela gestão do Museu de Artes e Ofícios,
também aprova a implantação. “Acreditamos que a citada alternativa de
acesso às Instituições Culturais, além de preservar a mais tradicional forma de
mobilidade dos mineiros, irá proporcionar maior facilidade aos visitantes,
integrar ainda mais os dois espaços e ratificar o esforço em Minas Gerais em
favor da Cultura, Educação e Desenvolvimento Social”, publicou Angela
Gutierrez presidente do Instituto Cultural.
Atualmente,
para se chegar ao Inhotim, há duas possibilidades rodoviárias: a BR-040 ou a
BR-381. De carro, van ou ônibus, o trecho não é percorrido em menos de 1h20,
dependendo do horário e do trânsito. A expectativa é que o trem possa fazer o
percurso em uma hora.
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