A Suzano
Papel e Celulose ainda trabalha com o plano de emitir bônus no mercado
internacional, mas passou a avaliar outras opções de financiamento diante das
mudanças no panorama financeiro internacional e local, segundo fontes ouvidas
pelo Valor. Além disso, a desvalorização cambial reduziu a necessidade de
captação de novos recursos para fazer frente ao pagamento em reais pela Fibria.
O plano
original era usar os recursos levantados com a emissão dos títulos de dívida –
seriam três operações, com prazos de 7, 10 e 30 anos – para rolar um empréstimo-ponte
de US$ 6,9 bilhões, com vencimento em três anos e taxa Libor mais 1,16%, que
compõe o pacote de financiamento da aquisição da concorrente.
Contudo, a
companhia não deve rolar todo o valor dessa dívida e avalia agora uma operação
para alongar apenas US$ 5 bilhões desse total. Com a desvalorização do real, a
necessidade de financiamento externo ficou menor.
A Suzano
ainda pode aproveitar a forte geração de caixa num momento de preços da
celulose em alta e câmbio desvalorizado, que eleva as receitas com exportação,
para honrar parte da dívida assumida. Pelos cálculos do Itaú BBA, a cada R$
0,10 de desvalorização do real contra o dólar, o resultado antes de juros,
impostosdepreciação e amortização (Ebitda) da empresa, incluindo Fibria, pode
subir em R$ 600 milhões.
A Suzano se
preparava para fazer uma emissão no mercado de bônus ainda no primeiro
semestre. Com a piora das condições, tanto no cenário externo como doméstico,
está considerando outras alternativas, como empréstimos bancários no exterior,
mas ainda não decidiu alterar o plano de bonds, afirmam fontes próximas à
operação.
O aumento do
custo no mercado internacional de dívida, após a subida dos juros nos Estados
Unidos, também está entre os fatores que levaram a companhia a estudar outras
possibilidades. Ainda assim, com a queda da taxa Selic, o custo de captação no
mercado interno e externo para a empresa está praticamente equivalente, mas as
operações no exterior oferecem a vantagem de alongar a dívida por um prazo
maior e em volume superior.
A agência
Bloomberg informou na semana passada que a companhia estava
reavaliando a emissão de títulos diante do mercado global tenso. Procurada, a
Suzano informou que está avaliando as melhores opções.
A companhia
contratou também uma linha permanente, de US$ 2,3 bilhões, com vencimento em 6
anos e custo de Libor mais 1,65%, como parte da estrutura de financiamento. A
transação para compra da Fibria envolve o pagamento em dinheiro de R$ 52,50,
com correção pelo CDI, por ação da concorrente mais 0,4611 papel de Suzano.
Na noite de
15 de março, Votorantim e BNDESPar, braço de participações do banco de fomento,
que juntas detêm 58,5% das ações da Fibria, assinaram com os controladores da
Suzano, a família Feffer, o compromisso de votar favoravelmente à união das
companhias, mediante reorganização societária que resultará na conversão da
Fibria em subsidiária integral da Suzano.
No último
dia de maio, a companhia recebeu um importante aval para seguir adiante com a
operação, que deve ser consumada entre o fim deste ano e o início de 2019. A
Federal Trade Comission (FTC), órgão antitruste dos Estados Unidos, aprovou a
compra da Fibria, o que resultará na combinação das duas maiores produtoras
mundiais de celulose de eucalipto.
Os Estados
Unidos estão no grupo dos mercados considerados mais importantes do ponto de
vista de órgãos antitruste para efetivação do negócio, assim como Brasil, China
e União Europeia. No total, é preciso buscar o aval de mais de 30 países,
incluindo o Egito, que foi adicionado recentemente à lista.
Conforme
documento enviado pela Suzano à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a FTC
concedeu a conclusão antecipada da análise da operação (…) o que
representa a autorização da operação sem restrições nos Estados Unidos.
As ações da Suzano encerraram a sexta-feira com alta de 3,2%, cotadas a R$
44,48 na B3.
– Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/5567065/suzano-avalia-opcoes-emissao-de-bônus
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