SÃO
PAULO –
O Brasil precisa estimular o capital privado para investir em
infraestrutura se quiser que a economia deslanche, opina José Carlos Martins,
presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em
apresentação no Congresso Aço Brasil 2018, ele ressaltou que a iniciativa
privada será essencial no atual momento de poder público estrangulado.
Martins
citou dados do Banco Mundial de uma média que costuma ser considerada o
necessário para manter a infraestrutura existente. Em geral, investir 3% do
Produto Interno Bruto (PIB) é suficiente para essa manutenção. Por outro lado,
para estimular o crescimento econômico em cerca de 4%, considera-se o nível de
5% do PIB em investimentos.
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“No ano
passado, investimos só 1,4%. Se investíssemos os 5%, poderíamos ter gerado 1,7
milhão de empregos diretos e quase 1 milhão de indiretos”, comentou o presidente
do CBIC. “Só de obras paralisadas, estamos perdendo 0,65% de PIB potencial para
os próximos anos, ou cerca de R$ 42,4 bilhões anualmente.”
Historicamente,
lembra Martins, a elasticidade do PIB da construção em relação à economia
nacional é alta. Quando há recessão, é porque a construção caiu mais rápido; no
crescimento, o setor dispara mais. Agora, no entanto, sem recursos
governamentais para investir, a construção “andou de lado”.
Ao conversar
recentemente com os candidatos à Presidência da República, o CBIC tentou
argumentar que dificilmente o próximo governo conseguirá passar as reformas
estruturais que são consideradas necessárias para um novo ciclo de
desenvolvimento se não resolver o emprego. E a construção, disse Martins, pode
ajudar nesse sentido.
Mas,
acrescentou, para isso é necessário além do apoio público para parcerias, por
exemplo, algumas medidas que poderiam estimular o investimento. Entre elas,
Martins elenca a segurança e estabilidade jurídica, maior concorrência bancária
para concessão de crédito mais barato, planejamento e estímulos ao capital
privado.
“Um dos
principais gargalos do Brasil é o planejamento. Não existe perspectiva de longo
prazo e investidores com quem converso reclamam disso”, comentou no evento Paul
Procee, líder do programa de infraestrutura e desenvolvimento sustentável para
o Brasil no Banco Mundial. “Fazer plano em cada governo é fácil. O que é
necessário é uma política de Estado com maior permanência.”
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