Os fundos de
infraestrutura – que investem nas chamadas debêntures incentivadas, que têm
isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoa física – podem entrar em uma nova
fase, preveem analista, graças a uma conjunção de fatores. Além de o BNDES ter
anunciado que irá aportar, como cotista, R$ 5 bilhões nesta modalidade de
fundo, a oferta de papéis que compõem a carteira dos produtos, as debêntures
incentivadas, ganha volume mês a mês. Do ponto de vista do investidor, Selic
baixa e a pouca oferta de produtos equivalentes (sem IR) no mercado, como LCI e
LCA, chamam a atenção para os fundos de infraestrutura.
O patrimônio
desses fundos, que estava em R$ 4,42 bilhões em julho, pode quadruplicar com a
injeção de recursos via BNDES. “O fato de o banco entrar como cotista é
uma chancela que dá mais segurança ao produto. Acredito que pode gerar até R$
20 bilhões em novos fundos”, afirma José Eduardo Laloni, diretor da
Anbima, associação do mercado de capitais e de investimentos, levando em conta
que cada fundo terá aporte máximo do banco de R$ 500 milhões, limitado a 30% do
seu capital total. “Para o investidor pessoa física, a melhor opção para
acessar as debêntures é via fundo porque reduz muito o risco, já que as
carteiras são pulverizadas e têm um gestor acompanhando”.
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O analista
da Rio Bravo, Michael Fridman, também está otimista com as perspectivas, mas
com alguma cautela. “O produto vem ganhando espaço e como o país precisa
de investimento e o governo não tem recursos, haverá mais emissão de debêntures
e criação de novos fundos, mas será gradual e sem acelerar muito”, comenta
Fridman, pontuando que a eleição deixa tudo mais incerto. “Do lado do
investidor, Selic baixa estimula a busca por retorno e os fundos são um bom
produto, até pela isenção de IR”, diz o analista, afirmando que a Rio
Bravo ainda não possui nenhum fundo de infraestrutura por “questões
estratégicas”.
Hoje,
existem no mercado 49 fundos que compram ativos regulamentados pela Lei 12.431,
o que garante isenção de IR para o investidor, desde que o gestor siga uma
série de regras. A principal delas exige que nos primeiros dois anos o produto
tenha, pelo menos, 67% de debêntures incentivadas; depois deste período o
percentual sobe para 85%. Só no primeiro semestre, a emissão destas debêntures
chegou a R$ 10,5 bilhões, o maior volume desde que foram criadas em 2012 e
superior ao ano passado (R$ 9,08 bilhões).
“O
mercado de debêntures melhorou bastante, entrou em um círculo virtuoso porque é
a alternativa para as empresas captarem”, comenta Fausto Silva, Sócio e
Gestor de Renda Fixa da XP Gestão de Recursos. “Ter mais papéis
disponíveis é importante porque projetamos diferentes níveis de risco na
carteira”, diz o executivo da asset, lembrando que o fundo de
infraestrutura da XP, criado em 2014, é superpulverizado com mais de 50 séries
alocadas.
O fundo da
XP tem aporte mínimo de R$ 10 mil, carência de 30 dias para resgate e taxa de
administração de 1%. “Com este recurso o investidor entra no fundo que tem
várias debêntures diferentes, reduzindo o risco, o que ele não conseguiria
comprando direto o papel.” O fundo, em 12 meses, até 22 de agosto, rendia
6,69%; em 24 meses, 18,15%. Nos últimos meses, o movimento do gestor foi mais
defensivo, incluindo papéis de duration menor e rating maior. “Pensamos em
novos produtos que tenham menos volatilidade ou prazos de resgate diferentes.
Tem sempre um investidor quer menos risco.”
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Fonte: https://www.valor.com.br/financas/5776943/recursos-podem-quadruplicar-patrimonio-de-infraestrutura
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