Décadas após
o encerramento definitivo das atividades nos ramais da Estrada de Ferro de
Santa Catarina (EFSC), o governo federal e as forças produtivas do estado
voltaram a discutir a retomada de um projeto de ligação ferroviária.
Atualmente,
há dois projetos de grande porte em andamento no estado. A Ferrovia da
Integração, também chamada de Ferrovia do Frango, que ligará o litoral ao Oeste
de Santa Catarina, e a Ferrovia Litorânea.
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A Ferrovia
da Integração tem um trajeto estimado em 700 quilômetros de extensão, com
traçado previsto do Litoral até Dionísio Cerqueira. Seu estudo de viabilidade
técnica, econômica e ambiental está em fase de conclusão.
A Ferrovia
Litorânea, com um trajeto de 236 quilômetros de extensão, de Imbituba a
Araquari, está com seu projeto básico também em vias de ser finalizado, mas
persiste um entrave quanto ao traçado dos trilhos, que passa pelo chamado Morro
dos Cavalos, onde vivem famílias indígenas. Mas, afinal, quando esses projetos
sairão do papel?
O jornal O
Município consultou o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes
(DNIT) sobre o andamento dos projetos das ferrovias. O órgão federal informou
que caberia à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa pública
vinculada ao Ministério dos Transportes, responder a essa pergunta.
Consultada
sobre o assunto, a Valec enviou documentos contendo as informações mais
atualizadas sobre os projetos, mas não há, por ora, data estimada para quando
eles poderão ser efetivamente implantados.
O
atendimento à demanda de transporte
A
implantação dos dois projetos, quando concluída, mudaria completamente a cara
do setor de transportes em Santa Catarina.
Segundo
estimativas informadas pela Valec, de um total previsto de 98,7 milhões de
toneladas de produtos potencialmente transportáveis por trens no estado, em
2030, a Ferrovia Litorânea poderia captar até 28%. A Ferrovia da Integração,
por sua vez, poderia captar até 17,4% da demanda.
Conforme
informa a empresa pública, as rodovias existentes poderão não suportar a
demanda, tendo em vista que também haverá crescimento no número de veículos de
passageiros. Daí a importância da implantação da malha ferroviária.
A estimativa
de custos das obras
A estimativa
dos custos da obra é bastante imprecisa. Em uma previsão apresentada nos
projetos, o governo federal estima que a Ferrovia Litorânea custe, ao todo,
entre R$ 6,5 bilhões e R$ 13,7 bilhões para ficar pronta, conforme previsão
atualizada até abril de 2018.
No caso da
Ferrovia da Integração, a conta é bem maior. O estudo do governo indica que,
para deixá-la pronta a transportar cargas, seriam necessários entre R$ 14,5
bilhões e R$ 16,1 bilhões, dependendo do traçado. Esse cálculo também é o mais
atualizado, apresentado em abril deste ano.
Cabe
ressaltar, ainda, que a estimativa de custos desta ferrovia deverá mudar, tendo
em vista que o projeto básico sequer foi iniciado.
Os
benefícios econômicos das ferrovias
Os
benefícios econômicos que as ferrovias, quando em funcionamento, trarão para o
estado são bastante aguardados pelo setor produtivo.
Mario Cezar
de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
(Fiesc), afirma que os empresários dão uma importância muito grande para a
questão. “Para que o nosso estado seja competitivo tem que ter várias opções de
transporte”, afirma.
“Santa
Catarina é o segundo estado em movimentação de contêineres, ele precisa ter, no
atendimento aos portos, um sistema que seja o mais econômico possível, e para
grandes distâncias e cargas pesadas, o transporte ferroviário é imbatível”,
explica Aguiar.
De acordo
com ele, o transporte por caminhão é interessante em distâncias de até 500 km,
mas a partir dessa distância a ferrovia passa a ser economicamente viável. “A
ferrovia demanda investimento bastante pesado, mas a longo prazo vai trazer
resultado”, avalia.
O presidente
da Fiesc afirma que os projetos das ferrovias devem ser feitos somente de forma
integrada, e a entidade defende os traçados aprovados nos estudos técnicos.
Conforme
Aguiar, a Fiesc está ciente que há pressão dos municípios para serem
contemplados no traçado da ferrovia, mas pondera que os estudos que indicaram
os traçados foram feitos com base em mais de 40 critérios.
Leia também: A ferrovia no Vale do Itajaí: um sonho abandonado
Fonte: https://omunicipio.com.br/parte-6-novos-trilhos-ferrovias-em-estudo-para-santa-catarina/
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