Rumo arremata Ferrovia Norte-Sul

A Rumo Logística venceu o leilão da Ferrovia Norte-Sul, com lance de R$ 2,719 bilhões, ágio de 100,92% superior ao valor mínimo definido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), de R$ 1,353 bilhão. A companhia superou a concorrente VLI, que fez oferta de R$ 2,065 bilhões (ágio de 52,6%). As duas empresas foram as únicas a entregar propostas para o leilão que aconteceu ontem (quinta, dia 28), que foi marcado por um série de polêmicas na Justiça. 

O prazo para a Rumo começar a operar o trecho de 1.537 km, ligando Porto Nacional (TO) a Estrela D’Oeste (SP) será de até dois anos. “Esperamos começar antes. Quanto antes, mais rápido será o retorno do investimento”, disse o presidente da empresa, Julio Fontana, em entrevista coletiva. O executivo informou que pagará 5% da outorga (cerca de R$ 136 milhões), em até 45 dias após a publicação do documento em que a ANTT confirma o resultado do leilão, e o restante (quase R$ 2,5 bilhões), em 120 parcelas trimestrais.

Fontana não detalhou como será o financiamento da outorga e o que levou a companhia a chegar ao valor oferecido. Disse que dinheiro não é problema, ressaltou o equilíbrio financeiro da companhia e que há instituições financeiras dispostas a ajudar a empresa no pagamento da outorga.  “Dinheiro não tem carimbo, é igual se vier de fora ou de dentro”, sem mencionar se os recursos serão captados no Brasil ou no exterior.

O executivo destacou a sinergia da Norte-Sul com a Malha Paulista, um dos pontos que levou a empresa a participar do certame. “Achamos que é um bom negócio para nossa companhia, tem muita sinergia com nossa operação de hoje. Julgamos que o retorno do investimento fazia valer a pena praticar o ágio que oferecemos. Os riscos são menores do que as vantagens”. Segundo Fontana, técnicos da empresa já têm mapeado o que deverá ser feito ao longo da ferrovia, também no que diz respeito à troca de materiais.

“Foi feita uma auditoria para a análise de previsões e precificações na matriz de risco. Além do agronegócio, acreditamos que o trecho tem potencial para transporte de combustível, bauxita e carga geral. Temos uma empresa voltada para contêineres (Brado Logística) que cresce 30% ao ano. Existe a possibilidade de atendermos Brasília, além da região de Goiás, Tocantins, por onde a ferrovia passa”, afirmou Fontana, que deixará a presidência da Rumo no início de abril. “Acho que fechei esse ciclo com chave de ouro”. O executivo será substituído por João Alberto Fernandez de Abreu, atual vice-presidente executivo de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen Energia. Fontana permanecerá até novembro deste ano como membro do Conselho de Administração da companhia.

“Sucesso”

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que o leilão foi um sucesso. Para ele, foi um dia marcado pela retomada do setor ferroviário brasileiro. “Há mais dez anos não havia concessões na área”, ressaltou. A última concessão no setor foi em 2007, do Tramo Norte da própria Norte-Sul, de 720 km, entre Açailândia (MA) e Palmas TO), hoje operado pela VLI.

O ministro disse que é só o começo. “Pretendemos licitar a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) ainda este ano. Ainda temos a Ferrogrão que está avançando. E também a renovação antecipada dos contratos de concessões ferroviárias”. Sobre as próximas audiências públicas para debater a prorrogação antecipada das concessões da FCA e MRS, que estavam marcadas para acontecer em fevereiro deste ano, Freitas comentou: “Tivemos um esforço grande de técnico nesse processo de colocar o leilão da Norte-Sul na praça. Agora vamos voltar a focar nas renovações.”

Freitas confirmou o plano de reinvestir o valor das outorgas de concessões ferroviárias em novos projetos na área. Perguntando se os recursos da outorga da Norte-Sul já teriam destino, o ministro apenas disse que “vão para o Tesouro, nada definido por enquanto”.

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