Cerca de R$ 530 bilhões de investimentos para o desenvolvimento de 440 projetos, entre os quais, a construção de trem de alta velocidade (TAV) e de ferrovias, a eliminação de gargalos, a duplicação e a recuperação de ferrovias. Essas são as necessidades levantadas pelo Plano CNT de Transporte e Logística para que o modal ferroviário seja alavancado no Brasil.
O cenário foi apresentado, nessa quinta-feira (25), pela coordenadora de economia da CNT, Priscila Braga Santiago, em audiência pública da Comissão Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião, solicitada pelos deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão, e Coronel Henrique (PSL) e pela deputada Marília Campos (PT), teve a finalidade de expor o Plano CNT.
De acordo com o documento, do volume de investimentos citado, aproximadamente R$ 79 bilhões correspondem a iniciativas relevantes para o modal em Minas Gerais. Entre elas, para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a construção da Linha 3 do metrô em Belo Horizonte, da Linha 2 do metrô da Capital a Ibirité e de linhas entre Belo Horizonte a Ribeirão das Neves e a Santa Luzia.
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Outros projetos são a construção de ferrovia na Serra do Tigre, de Ibiá (Alto Paranaíba) a Sete Lagoas (Região Central), do contorno ferroviário de Divinópolis (Centro-Oeste) e de Montes Claros (Norte de Minas) e a recuperação de ferrovia para operação de trem de passageiros da Capital mineira a Conselheiro Lafaiete (Região Central).
Conforme consta no plano, a malha ferroviária nacional conta atualmente com 29 mil quilômetros. Outro dado apresentado foi o investimento de concessionárias da ordem de R$ 54 bilhões no modal, entre 2007 e 2018. Entre 2010 e 2018, o número de acidentes relativo ao meio de transporte caiu em 38%.
Bitolas – Um dos principais gargalos do modal ferroviário, conforme apontou Priscila, diz respeito ao tipo de bitolas. Ela explicou que, quando há encontro de trechos que não têm equivalência de bitolas, é preciso fazer procedimentos como o transbordo. “Isso reflete em perda de tempo, de dinheiro e de eficiência.”
Apesar das dificuldades, a coordenadora da CNT lembrou que o modal ferroviário foi o único que não teve queda de produção com a crise econômica. Em 2018, foram transportadas cerca de 570 milhões de toneladas úteis, um aumento de 37,3% em relação a 2007. O principal produto transportado é o minério.
Plano trata do transporte integrado como um todo
O Plano CNT de Transporte e Logística identificou os principais projetos e os investimentos necessários para a implantação de um sistema de transporte integrado de cargas e de passageiros no Brasil.
Foram elencadas 2.663 obras, que demandam cerca de R$ 1,7 trilhão de investimentos em todos os modais (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo, além do transporte público urbano). “Se esses investimentos não forem feitos o quanto antes, mais gastos deverão ocorrer posteriormente”, salientou a coordenadora do CNT, Priscila Braga.
A necessidade de recursos exorbitantes, conforme relatou Priscila, decorre de deficiências de infraestrutura que se avolumaram ao longo dos anos. Para se ter uma ideia, o Brasil ficou na 56ª posição no Índice de Performance Logística de 2018 do Banco Mundial. O País está atrás de Vietnã, Índia e Indonésia. A Alemanha ocupa o primeiro lugar.
“Não conseguimos avançar nem em relação a nós mesmos”, afirmou a coordenadora. Ela acrescentou que faltam planejamento e visão sistêmica no setor, uma vez que são implementadas ações de curto prazo que não se relacionam.
Com informações da ALMG e da Setcemg (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais)
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