A possibilidade de rompimento da barragem da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), fez a Vale interromper o transporte de carga na Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFV) no trecho entre Sabará e Barão de Cocais. A medida interferiu na operação da usina da Usiminas em Ipatinga (MG), que a partir de hoje irá usar caminhões para o abastecimento de minério e pelotas. O escoamento da produção de aço também será feito por meio das rodovias que passam pela usina, apurou o Valor.
No comunicado que a Usiminas enviou à prefeitura de Ipatinga, a empresa informa que “conforme orientação da Agência Nacional de Mineração (ANM) à Vale em função do risco de rompimento da barragem da mina de e Gongo Soco em Barão de Cocais, o abastecimento de matérias-primas para a usina de Ipatinga, assim como o escoamento de produtos, foi direcionado para o modal rodoviário”.
Dessa forma, de acordo com o comunicado, o fluxo de caminhões deverá aumentar “muito na área urbana de Ipatinga”. Essa é uma medida preventiva para manter a produção da usina, que tem capacidade instalada de cerca de 5 milhões de toneladas por ano.
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Outro problema que a Usiminas pode enfrentar em Ipatinga com o rompimento da barragem de Gongo Soco é com o abastecimento de água na usina. Isso porque, segundo apurou o Valor, a captação da água é realizada no rio Piracicaba que está na rota dos rejeitos e pode ser contaminado. “A usina pode entrar em colapso. Eles [Usiminas] têm que apresentar uma solução rapidamente”, disse uma fonte com conhecimento do assunto.
À prefeitura, a companhia ainda não enviou nenhum comunicado informando sobre projeto alternativo para captação de água, caso o rio Piracicaba seja contaminado pelos rejeitos de Congo Soco.
Em nota, a Usiminas informou que vem acompanhando a situação envolvendo a barragem em Barão de Cocais “e está tomando medidas para garantir o funcionamento normal da Usina de Ipatinga, incluindo a utilização de rotas alternativas para a entrada de matérias primas e saída de produtos acabados.”
Paralelamente às medidas para manter a produção na usina, ontem, a siderúrgica também começou a informar aos seus clientes do setor industrial e da rede de distribuição que vai aumentar seus produtos na faixa de 10% a partir de 1º de julho, segundo fontes ouvidas pelo Valor.
A empresa segue o mesmo caminho da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que vai aplicar reajustes de 10% a 12,25% em seus produtos laminados. No entanto, o aumento de preços será a partir do início de junho – um mês antes da concorrente mineira.
A principal justificativa alegada pelas siderúrgicas para aumentar o preço do aço é a elevação dos custos, com a escalada no preço do minério de ferro, que sobe 45% neste ano. Ontem, a cotação da commodity atingiu US$ 105,78% a tonelada no mercado à vista chinês.
Gerdau e ArcelorMittal Tubarão, outras duas produtoras de aços planos no país, deverão seguir nos próximos dias o mesmo caminho de CSN e Usiminas, declaram as fontes.
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