Engenharia ferroviária e mobilidade urbana

HELIO SUÊVO RODRIGUEZ
Diretor Cultural e de Preservação da Memória Ferroviária da Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer)

Entendemos por mobilidade urbana a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano dentro do tempo desejado com conforto e segurança.

Devemos nos basear nas diretrizes da “Política Nacional de Mobilidade Urbana” que estão contidas na Lei Federal nº 12.587 de 05/01/2012, sendo um dos instrumentos de desenvolvimento urbano no Brasil que tem como finalidade a integração entre mobilidade de pessoas e carga.

A partir de 2015, este plano passou a ser requisito para o recebimento de recursos orçamentários federais destinados a “Mobilidade Urbana” em todos os municípios com mais de 20.000 habitantes e os demais obrigados por lei a elaborar o seu “Plano Diretor”, como os integrantes das Regiões Metropolitanas de áreas de interesse turístico ou de significativo impacto ambiental.

Em uma matriz equilibrada, deve se evidenciar a preponderância dos transportes sobre trilhos utilizando-se o trem metropolitano, o Trem Regional de Passageiros, o Metrô Urbano, o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT e o Monotrilho, considerando a trilogia de eficiências: Energética, Ambiental e Econômica. Os sistemas sobre trilhos emitem 60% menos CO2, se comparado com os automóveis e 40% menos CO2 com os ônibus e necessitam de 20 vezes menos espaço físico nas áreas urbanas em relação aos demais modos de transporte.

Hoje, temos que mudar urgente o conceito de mobilidade que está associado a uma certa “imobilidade” causada pela inadequação da matriz de transporte adotada no Brasil. Isso acaba gerando uma desagregação social, pela existência de um transporte ineficiente, apesar do transporte sobre trilhos ser sustentável, seguro, eficiente e regular, o qual impacta negativamente o meio ambiente e a qualidade das pessoas nas regiões metropolitanas.

No que se refere à “Engenharia Ferroviária”, seu papel é de suma importância no processo de mobilidade urbana, porém, nas escolas de engenharia brasileiras, esta especialidade não faz parte do currículo, sendo a cadeira obrigatória a de “Transportes” que pouco fala de ferrovia, dando ênfase ao segmento rodoviário, apesar das analogias com algumas especialidades quando se desenvolve um “Projeto de Engenharia Ferroviária”.

Somente com a retomada do desenvolvimento da ferrovia no Brasil, situação esta que todos os especialistas da área aguardam ansiosamente, através de planejamento a ser elaborado pelo governo federal em nível de novas ferrovias de carga e do sistema metroferroviário, este em consonância com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) e o Sistema de Governança de cada estado integradas com as entidades operadoras ferroviárias, é que viabilizará a realização de novos projetos. O que acabará sendo necessário lançar mão da competente comunidade técnica ferroviária nacional, oriunda principalmente da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA e da Valec, e demais projetistas ferroviários.

Desta maneira, para projetar novas ferrovias, principalmente a dos sistemas metroferroviários, devemos também analisar esse modo de transporte implantado nos países mais evoluídos do mundo, levando ao conhecimento da sociedade brasileira os novos projetos, já que hoje a malha ferroviária nacional, que atende ao sistema atual em operação, não passa de 1.105 km de extensão total.

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