Em mais um passo na aproximação bilateral, Brasil e EUA assinaram ontem memorando de cooperação que estimulará o acesso a um fundo de US$ 60 bilhões para financiamento de projetos em infraestrutura em países emergentes. O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, elogiou o programa brasileiro de concessões e chamou a atenção de empresários do setor para oportunidades que virão na reconstrução da Venezuela após a realização de eleições livres e da “reversão do socialismo.”
Ao publicar o discurso no site, o Departamento de Comércio cometeu uma gafe. Informou que havia sido proferido em “Buenos Aires, Argentina.”
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“Estaria menos nervoso aqui do que em outros lugares”, afirmou, ao elogiar o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o detalhado trabalho de planejamento da carteira de concessões oferecidas à iniciativa privada. “Este país está começando a se mover”, avaliou, durante participação no Latin American Infrastructure Leadership Forum.
Uma missão empresarial americana visitará São Paulo em novembro para conhecer projetos em ferrovias e portos, áreas nas quais a China tem interesse.
Além de participar do fórum, Ross reuniu-se com Freitas, a quem disse que os EUA têm interesse especial em ferrovias brasileiras. O ministro afirmou que o Brasil quer a experiência, o financiamento e a tecnologia dos americanos.
Falando a empresários, Ross defendeu que os países da região conheçam melhor as convenções antissuborno das Nações Unidas e a convenção anticorrupção da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Inclui boas práticas regulatórias que são transparentes e eficazes, e não barreiras desnecessárias ao comércio e ao investimento”, afirmou. Os EUA querem ser “parceiros preferenciais” da América Latina em infraestrutura.
Praticamente ausentes até agora das concessões em infraestrutura, os Estados Unidos estão criando bases para sua participação. O fundo de US$ 60 bilhões poderá ser usado para financiar projetos, para prover seguro contra risco soberano e dar apoio à elaboração de estudos e estruturação de parcerias entre governos e empresas.
Assim como destacou as oportunidades de negócios no Brasil, Ross falou sobre a gigantesca necessidade de investimentos para reconstruir a infraestrutura na Venezuela. Vinte projetos prioritários já foram identificados. “A boa notícia é que recursos naturais permanecem lá e apenas precisam ser reabilitados da péssima gestão.” O país tem uma reserva de 300 bilhões de barris de petróleo.
O PIB venezuelano vem caindo desde 2014 e “vai continuar a se deteriorar até que um governo internacionalmente reconhecido implemente reformas econômicas e sociais”, disse. A pedido do Conselho de Segurança, o Departamento de Comércio elaborou um plano de reconstrução econômica do país, disse Ross. São medidas de curto, médio e longo prazos para a retomada do crescimento, estruturadas em quatro eixos: energia, estabilização macroeconômica, restauração da agricultura e reabilitação do setor privado.
Entre as medidas, está a aprovação da nova Lei de Hidrocarbonetos em discussão no Congresso venezuelano, como forma de trazer de volta o setor privado. Pediu também a implementação de medidas na área de facilitação de negócios, a restauração do Banco Central, que está “sucateado”, e de um sistema financeiro.
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