Pautas do setor em debate

Os avanços tecnológicos e sua aplicação na mobilidade urbana, em paralelo aos desafios enfrentados na esfera pública, nortearam os debates no segundo dia da 25ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento anual promovido pela Aeamesp, em São Paulo. Executivos, engenheiros e operadoras debateram temas como o uso de inteligência artificial no transporte público, integração do VLT com outros modais e o que está sendo aplicado em termos de manutenção.

A palestra “Sistema de Vídeo Além da Segurança: Melhorando a Eficiência Operacional e Reduzindo Custos” trouxe informações detalhadas de como a utilização dos recursos audiovisuais pode resultar na otimização de todos os processos em um sistema de transporte. O engenheiro Fabio Juvenal Pereira, que coordena a área de VSM (Value Stream Mapping) da Genetec, mostra os avanços obtidos em sistemas como a Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, e os passos que ainda serão dados. “Temos soluções que incluem melhor controle de fluxo de usuários e também monitoramento de densidade de passageiros. Essas informações podem ajudar a reduzir o tempo de embarque e agilizar o tráfego dos trens”, explica.

Pereira afirma que o sistema auxilia a tomada de decisões estratégicas. “A tecnologia permite que um operador tenha acesso a todas as informações, potenciais riscos e possa definir qual medida será tomada. Isso não só em termos de segurança, mas também de gestão”.

A comparação de sistemas metroferroviários brasileiros com os de outros países foi um dos motes do painel “O Impacto da Tecnologia no Transporte Urbano: tendências e desafios”. Márcio Francesquine, adido do Consulado do Canadá em São Paulo, comenta que a adoção de políticas de mobilidade urbana segue a tendência da chamada “cidade inteligente”, com integração do transporte com outros serviços públicos. “Discussão técnica é o que norteia as decisões. Isso permite que os projetos avancem, mesmo com mudanças no plano político”.

O sistema VLT foi outro assunto amplamente abordado no segundo dia do evento. O engenheiro Vitor Cruz, da VLT Carioca, falou sobre os resultados obtidos no Rio de Janeiro, incluindo a revitalização da zona portuária. Na palestra “Metodologia para controlar os tempos de percurso na Operação de VLTs, um novo enfoque”, ele apresentou a aplicação de Controle Estatísticos de Processos (CEP) nas avaliações de tráfego e de mobilidade dos trens.

O VLT seguiu como tema, agora focado no território paulista. “Cabe uma rede de VLT na Cidade de São Paulo” foi a tese trazida pelo consultor Peter Alouche, da PA Transport Consulting. Ele apresentou três propostas de adoção de ramais para a capital paulista e ABC, cada uma com distintas capacidades de transporte público, e criticou o posicionamento dos gestores públicos, que resistem em implantar omodal. “Infelizmente, falta pensamento estratégico. O que vigora é a mentalidade do curto prazo. Por isso abrem mão de um sistema alegando que ele é caro, mas ele na verdade provoca uma verdadeira revolução na cidade, melhorando não só o fluxo de passageiros, mas também requalificando o espaço urbano”.

Manutenção metroferroviária

Os departamentos de Operação e Manutenção das companhias metroferroviárias têm adotado novos tipos de serviço, tecnologias de sistemas e metodologias de gestão para otimizar o transporte. Para falar sobre o assunto, o evento recebeu especialistas do Metrô-SP, da CPTM e do CCR Metrô Bahia.

Luiz Eduardo Argenton, Operação e Manutenção da CPTM, abriu a sessão ressaltando algumas das ações mais recentes da empresa. Atualmente, a CPTM apostou no remanejamento de trens e readequação da frota de acordo com a necessidade operacional, bem como implementou ações de segurança. “Aumentamos em 37,8% o número de apreensões de comércio ambulante e ampliamos em 160% as ações de combate à comercialização fraudulenta de Bilhete Único”, contou.

Milton Gioia Junior, diretor de Operações do Metrô de SP, reforçou o entrosamento e trabalho realizado em conjunto com a CPTM. “Esse esforço mútuo entre nós e a CPTM gera resultados positivos para a população da Grande São Paulo”, pontuou. Na sequência, Junior apresentou alguns dos programas de melhores práticas que estão sob os cuidados do departamento. São eles: modernização e atualização de sistemas, inovação e melhoria contínua, automação e uso de BI, descentralização de processos, programa de liderança e de engajamento das equipes, investimento na comunicação, entre outros.

Leonardo Henrique Balbino, gestor de Atendimento da CCR Metrô Bahia, falou sobre os esforços da CCR em priorizar a melhoria do atendimento aos usuários. “Uma das medidas adotadas recentemente no Metrô Bahia neste sentido é a Gestão à Vista. Colocamos um painel em todas as estações, terminais, centros de operações e outras áreas da empresa, para divulgar os nossos indicadores mensais. Com isso, todos os colaboradores passaram a ter uma visão geral do que está acontecendo, o que facilitou a identificação dos aspectos a serem melhorados no serviço prestado”, concluiu.

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