(Texto foi alterado para corrigir informação publicada mais cedo sobre o pagamento, pela Vale, das reparações pelo rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), que não depende da quitação da linha de crédito rotativo de US$ 5 bilhões tomada pela empresa. Apenas a retomada dos dividendos depende dessa quitação)
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou nesta quarta-feira, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre, que a sociedade vive em um cenário “sem precedentes” devido à pandemia covid-19. “Claramente estamos em cenário de guerra, com um inimigo comum”, disse Bartolomeo, acrescentando que a empresa tem um plano “sólido” para enfrentar a pandemia.
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O executivo ressaltou que a Vale destinará o total de R$ 500 milhões para o combate à doença no Brasil, trazendo o total de 15 aviões da China para o Brasil carregados com testes e equipamentos para o enfrentamento da covid-19. Ele lembrou que a mineradora trará para o enfrentamento da covid-19. Ele lembrou que a mineradora trará para o país 5 milhões de kits, 15,8 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs) para o governo federal e 14,5 milhões EPIs para os Estados – acrescentando ainda mais 400 leitos hospitalares no país.
Bartolomeo frisou ainda que a Vale antecipou pagamentos a fornecedores, o que representou mais de R$ 900 milhões de injeção na economia, com redução de 85% dos prazos de pagamento. O presidente da Vale afirmou também que os impactos da covid-19 na produção da empresa foram limitados nos três primeiros meses do ano.
Também na teleconferência, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, ressaltou que o impacto esperado da pandemia nos custos e despesas da companhia em várias frentes soma cerca de US$ 500 milhões, incluindo operações, manutenções e ajuda humanitária. Siani citou que a paralisação de projetos custa cerca de US$ 50 milhões por mês à mineradora, enquanto a suspensão nas operações em Voiseys Bay custou US$ 55 milhões. Siani lembrou também que a ajuda humanitária dada pela empresa já chega aos US$ 100 milhões.
Siani destacou que o custo de produção de minério ficou relativamente alto nos três primeiros meses do ano, mas acrescentou que vai haver redução a partir do segundo trimestre, com custo de produção esperado abaixo de US$ 14 por tonelada de minério de ferro. Ele acrescentou, ainda, que o custo do frete marítimo deverá cair cerca de US$ 3 por tonelada entre abril e junho.
O executivo frisou ainda que a perda esperada de capital de giro devido às paradas será compensada pela redução dos investimentos – já que houve suspensão de projetos. Ontem, a companhia revisou o guidance de investimentos para o ano, passando de US$ 5,1 bilhões para US$ 4,6 bilhões.
“Nossa nova estimativa [de investimentos] foi feita não só considerando a paralisação dos projetos em curso, como também o novo câmbio Focus”, disse Siani. “Se a situação permanecer como está hoje, o gasto vai ser menor”, acrescentou.
O diretor lembrou, também, que a atual desvalorização do real tem efeito positivo para a empresa e afirmou que o câmbio será a variável do investimento da companhia até o fim do ano.
O executivo afirmou que a empresa vai voltar a pagar dividendos depois de quitar a linha de crédito rotativo de US$ 5 bilhões sacada pela companhia em março. Siani reforçou também que a companhia continua a pagar as reparações pelo rompimento da barragem em Brumadinho. A companhia informou, no balanço do quarto trimestre, que tem um saldo de US$ 4 bilhões provisionado para fazer frente aos compromissos da reparação de Brumadinho.
Bartolomeo ressaltou que o acordo com autoridades de Minas Gerais sobre Brumadinho não é fator determinante para pagar dividendos. “O que existe é um nível de incerteza em todo o mundo por causa da covid-19, por isso contratamos linha de crédito de US$ 5 bi como seguro”, disse Bartolomeo.
Siani destacou que o acordo com as autoridades em Minas Gerais continua, mas explicou que a empresa precisa ter segurança jurídica, encerrar todas as ações e ter um teto de valores.
O diretor-executivo disse que a companhia tem hoje dívida líquida em nível inferior ao que se propôs como meta no passado recente, antes da pandemia do novo coronavírus. A Vale terminou o primeiro trimestre com dívida líquida de US$ 4,8 bilhões, bem abaixo da meta que havia sido proposta há alguns exercícios, da ordem de US$ 10 bilhões. Siani disse, porém, que a companhia tem compromissos adicionais com Brumadinho que somam ainda cerca de US$ 4 bilhões, os quais precisam ser considerados nessa conta.
Ontem, ao divulgar o balanço do primeiro trimestre, a Vale informou que a dívida líquida permanece em seu nível mais baixo desde 2008 e a dívida líquida expandida (incluindo compromissos relevantes) diminuiu US$ 2 bilhões, passando de US$ 17,7 bilhões em 31 de dezembro de 2019 para US$ 15,68 bilhões em 31 de março de 2020.
A redução deveu-se, principalmente, à desvalorização favorável do real no período, uma vez que a maior parte dos compromissos expandidos é denominada em reais. A Vale vem trabalhando mais recentemente com o conceito de dívida expandida, que considera outros compromissos que se somam à dívida líquida como, por exemplo, compromissos com arrendamentos, swaps de moedas, Refis, provisões para Brumadinho e gastos com Samarco e Fundação Renova.
Mina de Timbopeba
Durante a teleconferência, Bartolomeo afirmou que a empresa espera retomar as atividades de processamento a seco de minério de ferro em Timbopeba, em Minas Gerais, na semana que vem. Segundo ele, esse retorno deverá estabilizar a produção de minério de ferro nos sistemas Sul e Sudeste. Bartolomeo acrescentou que o minério de ferro foi uma das commodities menos afetadas no atual cenário de crise mundial.
A paralisação das atividades da mina em Timbopeba ocorreu devido à revisão de processos de segurança da empresa, após rompimento de barragem da companhia em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. A operação na mina foi paralisada em março de 2019.
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