O vice-presidente Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira que a saída da crise econômica está no investimento em infraestrutura, que é grande empregador, mas que, para atrair parceiros privados capazes de realizá-lo, é preciso que os atores políticos parem de brigar diuturnamente entre si.
Em webinar da Iniciativa FIS transmitido pelo YouTube, ele afirmou que a economia brasileira bateu lá embaixo e deverá encolher entre 5% e 7% neste ano. Queda maior do que isso, só na opinião dos arautos do Apocalipse, disse. Tem quem diga que vamos descer uma montanha, bater no fundo e retomar [o crescimento] em ‘V’. Não será dessa forma por causa das desigualdades do país.
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Para Mourão, o investimento em infraestrutura deverá vir da continuidade das concessões de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos e também da promoção de obras de saneamento básico, que dependeriam da aprovação do novo marco legal do setor no Congresso. Entretanto, disse, o governo tem poucos recursos disponíveis e depende de parceiras com a iniciativa privada.
Para atrair o parceiro privado, temos que ter um ambiente de negócios amigável, estabilidade emocional no país. [É preciso] que a gente pare de brigar diuturnamente entre nós, de modo que a turma que tem dinheiro venha aqui e aplique o seu dinheiro, disse em crítica indireta aos conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro e os demais Poderes.
Em seguida, porém, Mourão acenou a Bolsonaro, dizendo que há uma suposta opinião bizantina expressa em editoriais da imprensa brasileira. Segundo ele, os textos comparam Bolsonaro a Adolf Hitler ou Hugo Chávez, o que seria exagero de retórica.
Nossa democracia é sólida. A montanha está parindo um rato, afirmou. No início da fala, ele disse que o Brasil vive uma epidemia dupla. Além do novo coronavírus, o país sofreria de um excessivo tribalismo e da politização de qualquer assunto colocado em debate.
Saúde Sobre a pandemia de covid-19, o vice-presidente disse que o contágio está diminuindo significativamente, com um número de reprodução básico – quantas pessoas um contaminado é capaz de infectar – chegando a 1,5, contra 3,0 em abril.
Mourão disse ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) está funcionando e demonstrou preparo para encarar a epidemia. Ele também fez um mea-culpa ao dizer que faltou coragem moral ao governo para intervir no Carnaval, que, para ele, foi o epicentro da entrada da pandemia no Brasil.
Questionado sobre o pós-crise sanitária, Mourão defendeu que os três níveis de governo promovam campanhas de conscientização sobre os riscos de contaminação no rádio e na televisão e disse acreditar que o país restará dividido em dois grupos.
Teremos um grupo comprometido em respeitar os novos ditames sociais [de higiene e cuidado], o novo normal, e um outro grupo que não tem isso em seu DNA, disse. O segundo grupo seria o da população mais pobre, nas suas palavras, sem acesso à educação. Recebi um vídeo outro dia [que mostra] um pessoal do subúrbio do Rio de Janeiro fazendo campeonato de pipa, todos ali aglomerados.
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