Precisamente às 10h40, vindo diretamente da casa maternal, em companhia do senhor Fernando Costa, secretários de estado e outras altas autoridades, o senhor Getulio Vargas chegou à estação da Sorocabana, a fim de inaugurar o trecho já eletrificado daquela ferrovia.
Assim a Folha publicou, em 10 de dezembro de 1944, o surgimento da eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana, uma das mais importantes criadas no interior de São Paulo e que celebra desde dezembro os 75 anos da substituição do óleo diesel e da lenha pela eletricidade como propulsora de suas locomotivas. A ferrovia data de 1875.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Já havia trens elétricos circulando entre Sorocaba e São Paulo alguns meses antes da visita de Vargas à estação Júlio Prestes, na capital, para inaugurar o sistema, mas todos em fase experimental.
O sistema operou por 55 anos, até que, em 1999, as locomotivas elétricas foram trocadas por diesel após o leilão feito pelo governo federal que resultou na desestatização da malha da já extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.).
Foi uma obra viabilizada num período bastante conturbado da economia mundial, na Segunda Guerra, e o país conseguiu viabilizar isso num momento em que toda a indústria ferroviária norte-americana estava mobilizada para a produção de artefatos bélicos. É um dos maiores feitos do Brasil, disse Eric Mantuan, presidente da Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária.
No dia anterior, a Folha publicou que os nazistas tinham abandonado a Áustria e que as forças russas marchavam para completar o cerco a Budapeste (Hungria). A Segunda Guerra, iniciada em 1939, acabou em 1945.
Entre 1943 e 1948, a Sorocabana comprou 46 locomotivas elétricas do consórcio Electrical Export Corporation, que reunia a General Electric International e a Westinghouse Electric Company, para eletrificar a sua malha ferroviária entre as estações Júlio Prestes e Bernardino de Campos.
A eletrificação permitiu o aumento da velocidade dos trens e também do número de vagões por composição com mais segurança. O custo também era menor em comparação com o óleo diesel e à queima de lenha e carvão.
A eletrificação foi um grande salto tecnológico, que fez da Sorocabana a ferrovia recordista em toneladas transportadas nos anos 50, principalmente, e 60. Essas duas décadas foram o auge da eletrificação, afirmou Mantuan.
Os índices de transporte de cargas eram superiores, por exemplo, aos apresentados pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Em comemoração à data, a Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária fez, já em dezembro do ano passado, uma exposição da locomotiva elétrica Westinghouse nº 2041, que foi restaurada por voluntários, e uma mostra fotográfica sobre o tema. O trem foi fabricado em 1948 nos EUA e é um dos que integram os lotes comprados naquela década pela Sorocabana.
A Sorocabana, no último dia 10 de julho, completou 145 anos de inauguração. A estrada de ferro foi muito importante para o desenvolvimento econômico do interior paulista e uma das cinco ferrovias que originaram a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), em 1971.
As outras foram a Companhia Paulista, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, a Estrada de Ferro Araraquara e a São Paulo-Minas.
A Sorocabana apresentou forte crescimento nas suas primeiras cinco décadas, quando a linha-tronco (a principal) chegou a Presidente Epitácio -município que hoje, por rodovia, fica a 556 quilômetros de distância de Sorocaba.
Seja o primeiro a comentar