O debate sobre uma ligação rodoviária entre Santos e Guarujá, atravessando o porto santista, voltou a ganhar força nas últimas semanas, inclusive com novas alternativas para viabilizar o projeto. Uma proposta, apresentada por empresas do setor portuário, é que a construção de um túnel entre os municípios seja incluída no pacote de desestatização do Porto de Santos – algo que deverá ser estudado pelo governo.
Em 2019, o tema gerou uma discordância entre o governo de São Paulo, que defendia uma ponte entre as cidades, e a União, que preferia um túnel, para evitar impactos na operação do porto. Com o impasse, nenhum dos projetos foi adiante, mas, recentemente, ambos tiveram avanços.
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Um grupo de companhias que atuam no porto se uniram em um movimento, o Vou de Túnel, para tirar do papel o túnel submerso, de 1,7 quilômetro. O projeto custaria R$ 3,5 bilhões – R$ 2,5 bilhões para a construção em si e outro R$ 1 bilhão em obras nas avenidas perimetrais das cidades.
As empresas sugerem que o empreendimento seja assumido pelo governo federal, por meio de uma Parceria Público Privada, que seria custeada por tarifas portuárias, ou dentro do pacote de desestatização do porto, cujos estudos tiveram início neste mês. Entre os apoiadores, estão a Brasil Terminal Portuário (BTP) e Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da companhia docas Santos Port Authority.
Questionado, o Ministério de Infraestrutura afirmou que, no contexto dos estudos para a desestatização, serão consideradas todas as sugestões de solução para a ligação entre as cidades, que serão objeto de ampla discussão. A pasta diz que defende uma saída que não impeça operações portuárias atuais e futuras.
De outro lado, o governo de São Paulo mantém o plano de fazer uma ponte de 7,5 quilômetros entre as cidades, um projeto inicialmente orçado em R$ 2,9 bilhões – valor que deve aumentar.
A ideia é que o empreendimento seja construído pela Ecorodovias. A obra seria incluída dentro da concessão rodoviária do grupo, que hoje opera o sistema Anchieta-Imigrantes. Em troca, haveria um prazo adicional de cinco a sete anos no contrato, que é o mais importante da empresa e venceria em 2026.
A gestão de João Doria tentou viabilizar o projeto em 2019, mas encontrou resistência do governo federal e de operadores portuários, que avaliaram que a ponte poderia prejudicar o tráfego de navios no canal e trazer risco à expansão do porto. Diante da controvérsia, o governo pediu que a Ecorodovias refizesse os estudos.
O novo projeto já foi entregue e, agora, o Estado aguarda uma reunião com o Ministério da Infraestrutura, no fim de outubro, para avançar, afirmou o secretário de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto.
Para ele, o debate entre túnel ou ponte é um falso dilema, já que os projetos não se excluem, diz. Não temos nada contra o túnel, é uma solução importante de mobilidade urbana. O problema é quem paga por isso. Se ficar dentro da concessão do Porto de Santos, vamos aplaudir, afirmou, em conversa com o Valor.
O secretário evita detalhar o estudo, porque quer antes apresentá-lo ao governo federal, mas afirma que foram feitas as mudanças solicitadas. Por exemplo, o vão entre os pilares da ponte, que antes era de 350 metros, passou para 750 metros, para facilitar o trânsito dos navios. Com as adaptações, o valor inicial da obra deverá subir um pouco, diz.
O problema do túnel, avalia, é que não há viabilidade para a concessão, já que se trata de uma obra de mobilidade, com tarifas mais baixas, e não de logística voltada a transporte de carga, como seria a ponte. O túnel, do ponto de vista econômico, não se sustenta. Não haveria como justificar um investimento de mais de R$ 3 bilhões em um trecho de 1,7 km. Não há orçamento para isso.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/09/25/tunel-ganha-forca-no-porto-de-santos.ghtml
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