A pandemia de covid-19 e seus efeitos na economia não mudaram os planos da Cosan, que encerra 2020 com grandes projetos em curso e a perspectiva de que o próximo ano será positivo para o país e para os negócios.
Um dos passos mais relevantes é a conclusão da reorganização societária com simplificação da estrutura do grupo. Além disso, são apontados o início das operações no trecho central da ferrovia Norte-Sul, a abertura de capital da Compass – se as condições de mercado estiverem adequadas – e a etapa de ofertas vinculantes pelas refinarias da Petrobras no Sul do país.
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2021 vai ser um bom ano. O Brasil tem boas condições com a aprovação das reformas administrativa e tributária, disse ao Valor, em entrevista hoje, o presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães.
No terreno dos grandes projetos de curto prazo, o grupo espera que a desclassificação da oferta da Compass, empresa de gás e energia constituída há menos de um ano, pela Gaspetro seja revista pela Petrobras e órgãos reguladores. E já avalia a expansão da capacidade produtiva de biogás, que ampliou o portfólio de energias renováveis da Raízen Energia.
A reorganização societária da Cosan, um dos movimentos mais aguardados pelo mercado, pode ser concluída ainda no primeiro trimestre. Com a eliminação das holdings Cosan Limited (CZZ) e Cosan Logística (RLOG), o grupo passará a ter uma única holding, a nova Cosan (CSAN), sob a qual estarão as quatro empresas operacionais, todas listadas em bolsa em algum momento: Compass, Raízen, Rumo e Moove. A listagem de Raízen e Moove dependerá de acertos com as sócias Shell e CVC Capital Partners, respectivamente.
O grupo informou nesta quinta-feira que as relações de troca de ações, propostas por comitês independentes, foram aprovada e as assembleias de acionistas que vão deliberar sobre a operação devem ser convocadas nos próximos dias.
Na Raízen Combustíveis, operação que mais sofreu com a crise sanitária da covid-19, o volume de vendas mostrou forte recuperação no terceiro trimestre e o ciclo Otto (gasolina e etanol), que ainda sentiu esses impactos, já está muito perto de alcançar os níveis pré-pandemia. O segmento de querone de aviação ainda permanece com demanda comprometida.
Na Rumo, uma das principais conquistas foi a renovação antecipada da Malha Paulista, ferrovia que liga o Centro-Oeste ao Porto de Santos e é essencial para o escoamento da produção de grãos, por mais 30 anos. A concessionária de ferrovias e terminais portuários da Cosan acaba de anunciar que vai emitir R$ 1 bilhão em debêntures para investir na controlada, em um projeto que vai dobrar a capacidade de transporte de grãos.
Na malha central da Norte-Sul, os primeiros trens começarão a rodar em janeiro, com antecipação de seis meses frente ao cronograma original. Diante da elevação da capacidade de transporte, o passo seguinte, de acordo com Guimarães, deve passar pela eliminação de gargalos no Porto de Santos.
Segundo o executivo, alguns movimentos já foram feitos e, no fim de novembro, a Rumo e a DP World assinaram um memorando de entendimento para estudar a instalação de um novo complexo para exportação de grãos e importação de fertilizantes na margem esquerda do porto.
Do lado do governo, o executivo destaca como ponto positivo os estudos em andamento para privatização do porto santista. Há um alinhamento dos astros que fará as coisas acontecerem, disse Guimarães.
O grupo Cosan, um dos maiores conglomerados empresariais do país, teve receita líquida consolidada de R$ 52,7 de janeiro a setembro deste ano.
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