Valor Econômico – Criada em 2005 para monitorar o maquinário dos setores de mineração e infraestrutura, a startup Wolk mudou de rumo. A partir de 2021, vai se dedicar inteiramente ao ramo agrícola. A meta é faturar R$ 6 milhões já neste ano.
Quem vai liderar a empresa nesse novo momento é a CEO Adriana Lúcia da Silva, executiva mineira que tem passagem pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e é co-fundadora do hub de inovação AgTech Garage, de Piracicaba (SP). Em 2021, ela trabalhará para ampliar de 800 para 4 mil o número de máquinas que a Wolk monitora e cobrir 1 milhão de hectares de lavouras, sobretudo de cana-de-açúcar.
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A solução para a cana-de-açúcar está bem madura, mas estamos abertos a atender também outras culturas, afirma a CEO. Teremos um canal para empresas maiores e cooperativas e outro para usinas. Queremos atrair inclusive aquele cliente que está em recuperação judicial e precisa reduzir custos sem fazer um investimento alto.
A Wolk trabalha com uma plataforma aberta, que permite interligação com soluções de outras empresas, conectividade via internet móvel e também satélite e armazenamento automático do histórico de dados. Segundo a executiva, com essas ferramentas, o ganho de eficiência – em gestão do maquinário, pessoas e processos – nas operações que atende é de 10%, no mínimo.
Nós trabalhamos com qualquer marca de máquina e ano de fabricação. Instalamos um cabo nas que não têm e as comunicamos com um celular ou tablet. A conexão pode ser via satélite e é só para transmitir dados simples, relata. A partir daí, o produtor define os padrões de sua operação. Uma das ferramentas mais acessadas na plataforma, chamada AG4, é a Monetize, que acompanha a produtividade e o custo operacional da fazenda ao longo do tempo e salva todo o histórico.
A principal concorrente no setor é a Solinftec, de Araçatuba (SP), que a novata calcula ter participação de mercado de 2%, em um universo de 2 milhões de máquinas passíveis de serem conectadas no Brasil. Somente na cana, a Solinftec informa que monitora 6,5 milhões de hectares mecanizados no país.
O mercado é grande e há espaço de sobra para crescermos, diz Adriana. Os planos da Wolk custam a partir de R$ 199 por mês por máquina. Produtores individuais precisam ter pelo menos 50 máquinas conectadas.
Segundo a executiva, a estreia no setor canavieiro é um caminho natural da companhia. Nascida em Curitiba (PR), a Wolf atuava em mineração e infraestrutura com um software para gerenciar paradas e manutenções de maquinário. Com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que incluíram a interrupção de muitos projetos da indústria pesada, a empresa deixou seu mercado de origem. Foi quando seu sócio-fundador, Luiz Cláudio Brito de Lima, começou a olhar para o segmento agrícola.
A partir de uma parceria de cooperação com a israelense Adama, a empresa desenvolveu uma nova prova de conceito – e conquistou seus primeiros prospectos no agronegócio. Mas, no ano passado, após a Syngenta incorporar a Adama, a Wolf voltou a atuar sozinha.
Ela desenvolveu então seu projeto-piloto com a Agroterenas, que tem uma operação com 800 máquinas em lavouras de cana-de-açúcar em Paraguaçu Paulista e Assis (SP). Hoje, a Wolk permanece com o escritório em Curitiba e tem uma operação em Piracicaba.
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