Folha da Região (Araçatuba-SP) – Mesmo em meio à pandemia, o mercado ferroviário de cargas brasileiro vive tempos de ótimos resultados e apresenta o melhor momento do setor dos últimos 30 anos.
É o que acredita o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Fernando Paes. Ele, inclusive, acredita que a relicitação da Malha Oeste, prevista para 2023, deve trazer bons frutos para as cidades cortadas por ela. Toda a região de Araçatuba é cortada pelas estradas de ferro desta via, que começa em Mairinqui, na região de Bauru, e vai até Corumbá (MS).
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O trecho havia sido cedido para a inciativa privada em 2008 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em 21 de julho de 2020, no entanto, a Rumo Malha Oeste protocolou, junto à agência, pedido de adesão ao processo de relicitação (devolução da concessão).
De acordo com a avaliação da ANTT, a infraestrutura da Malha Oeste, incluindo sua via permanente, encontra-se depreciada. “Durante anos, a atual concessionária realizou investimentos em patamares insuficientes para a sua manutenção. O subinvestimento acarretou perda da capacidade de transporte. Atualmente, os trens trafegam com velocidades abaixo de seu potencial e o volume de carga transportado é limitado”, diz o órgão.
Quando a malha que corta a região for repassada para uma nova concessionária, de acordo com a avaliação de Paes, ela será beneficiada por este bom momento do transporte ferroviário, que tem ocorrido, segundo ele, porque os projetos que estavam previstos para o setor há anos começaram a sair do papel, como as renovações antecipadas das concessões ferroviárias, que vinham sendo discutidas desde 2015, quando a pauta foi incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal (criado para reforçar a coordenação das políticas de investimentos em infraestrutura, por meio de parcerias com a iniciativa privada).
“Desde 2015 estamos falando de expansão, não necessariamente da malha ferroviária, mas do setor em si. Na época, o governo já havia anunciado um plano bem audacioso de crescimento para o segmento, com pontos muito importantes, como a questão das renovações antecipadas. Acreditava-se até que isso ocorreria ainda naquele ano, mas infelizmente o Brasil é um país em que as coisas demoram para acontecer. Não deveria ser assim, mas, finalmente, está andando”, afirma.
Paes lembra que tudo começou, de fato, no ano passado, quando os primeiros contratos de renovação foram assinados: o da Malha Paulista (da Rumo Logística), em maio de 2020; e os das Estradas de Ferro Vitória-Minas e Carajás (ambas operadas pela Vale), em 18 de dezembro – e ainda há a expectativa pelas prorrogações, em breve, da Malha Regional Sudoeste (operada pela MRS Logística e já em análise pelo Ministério da Infraestrutura e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT); da Ferrovia Centro-Atlântica (a FCA, que é administrada pela VLI Logística) e da Malha Sul (também da Rumo).
“Com as prorrogações antecipadas dessas concessões, estimase o aumento do volume de cargas movimentado em cerca de 70 milhões de toneladas por ano, o que contribuirá para uma redução de aproximadamente 30% dos custos do transporte, além da captação de R$ 30 bilhões em aportes, em média, apenas nos primeiros cinco anos dos novos contratos. Somente a MRS, por exemplo, pretende dobrar a capacidade de transporte em cargas gerais: de 30% para 60% nesta categoria. Sem contar o aumento de materiais rodantes, de tecnologia, de segurança e de empregos nestas linhas ou em suas cadeias (a perspectiva é que 700 mil novos postos de trabalho sejam gerados, principalmente na indústria e no setor de serviços)”, exalta.
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