Trens do Rio tiveram quase 100 atrasos ou interrupções causadas por roubo de cabos e grampos esse ano

Roubo de cabos interrompe circulação de trens no ramal Belford Roxo da Supervia. — Foto: Reprodução/ TV Globo
Roubo de cabos interrompe circulação de trens no ramal Belford Roxo da Supervia. — Foto: Reprodução/ TV Globo

G1 – O transporte de trens no Rio de Janeiro registrou pelo menos 96 alterações de sinalização e atrasos por causa do roubo de cabos e grampos das linhas férreas só este ano.

Segundo a Supervia, concessionária responsável pelos trens urbanos, a sinalização automática, que garante mais agilidade à circulação das composições, teve que ser interrompida e trocada por ordens de circulação por rádio, que geram atrasos as passageiros, em 60 vezes este ano por causa do furto de cabos e outras 36 por causa do furto de grampos.

Ao todo, o transporte foi afetado em 48 dias entre janeiro e 17 de junho por causa deste tipo de crime, já que em alguns casos as ocorrências aconteceram no mesmo dia em pontos diferentes das linhas.

Nesta quinta-feira (24), o ramal Belford Roxo foi paralisado por causa do furto de cabos e parte do ramal Saracuruna também teve que parar por causa do roubo dos grampos que fixam os trilhos aos dormentes.

“O furto de cabos é muito grave, afeta todo o sistema mas, principalmente, afeta o usuário final dos trens, que é o passageiro ferroviário. Isso acontece pois as viagens que deveriam ser mais rápida e no horário acabam se tornando mais lentas e com intervalos irregulares”, afirmou Marcelo Feitoza, diretor de operação da Supervia.

Segundo a empresa, os ramais mais prejudicados são Japeri e Santa Cruz. O diretor de operação da concessionária compara o efeito dos roubos de cabos com a dificuldade de se guiar por uma cidade sem sinais de trânsito, quando fica mais difícil seguir apenas com a ajuda de guardas, obrigando a redução da velocidade.

“Quando se rouba os cabos, os sinais das linhas acabam se apagando e há uma dependência do centro de controle se comunicar com os maquinistas via rádio para fazer o controle de toda a circulação e garantir segurança. Para isso, a gente reduz a velocidade dos trens, aumenta o espaçamento, o tempo entre eles, para garantir que as viagens não tenham nenhum risco operacional”, disse Feitoza.

Além dos problemas causados por furtos, os passageiros enfrentam outro desafio: uma nova tarifa, no valor de R$ 5,90, será cobrada a partir de 1º de julho. O reajuste estava previsto originalmente para o dia 2 de fevereiro, mas foi adiado.

Este mês, a SuperVia entrou com um pedido de recuperação judicial. A concessionária afirma que perdeu a metade dos passageiros durante a pandemia e acumula uma dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão.

Sobre estes assuntos, o jornalista Edimilson Ávila entrevistou o presidente da concessionária, Antônio Carlos Sanches.

Casos triplicam
Nos cinco primeiros meses do ano, a concessionária registrou 161 casos de furtos de cabos de sinalização e rede aérea. Segundo a empresa, este número é três vezes maior que o mesmo período do ano passado, quando 48 casos foram registrados.

De janeiro a maio, foram furtados 12 mil metros de cabos, causando um prejuízo de R$ 899 mil.

Entre os casos de furtos de grampos, que garantem a fixação dos trilhos, as ocorrências dos cinco primeiros meses foram maiores que o dobro das registradas ano passado. De janeiro a maio deste ano, foram 15 furtos, totalizando a retirada de 3.290 grampos da via férrea. Em todo o ano passado foram 6 furtos de 1.602 grampos.

Estoque zerado
Os furtos, somados às dificuldades no cumprimento do prazo de entrega de materiais por fornecedores e de mão de obra causados pela pandemia, chegou a quase zerar o estoque de cabos da empresa, que teve que solicitar um novo pedido de compra, em função do aumento de ocorrências em comparação aos anos anteriores.

Desde maio, a SuperVia concentra os registros de ocorrências de furtos de materiais do sistema ferroviário na Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). Também foram feitos registros nas delegacias das áreas onde ocorreram os crimes.

A Polícia Militar afirmou que, na segunda-feira (21) policiais do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) prenderam uma pessoa com ferramentas quando ele cortava os cabos da Estação Maracanã. Oito rolos de cabos, totalizando 16 metros, foram recuperados.

A PM informou ainda que o GPFer atua em toda a malha ferroviária do estado, composta por mais de 100 estações espalhadas por 12 cidades para prevenir e coibir ações criminosas. A corporação afirmou ainda que realiza prisões em flagrante por furto e roubo. E que, na maioria das vezes, os conduzidos são colocados em liberdade após audiência de custódia.

A Polícia Militar informou ainda que este tipo de crime demanda atividade investigativa para que os envolvidos sejam identificados e presos, tanto os que cometem os delitos quanto os receptadores. E que, segundo dados do ISP, em comparação com os cinco primeiros meses do ano passado, houve queda de 11,3% no total de furtos no Estado do Rio de Janeiro. (Nota completa abaixo)

A Polícia Civil informou que, por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e por outras unidades, que fiscaliza ferros-velhos para reprimir a receptação de material furtado e roubado e possui investigações para identificar suspeitos envolvidos neste tipo de crime. (Nota completa abaixo)

Nota da Polícia Militar:

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na segunda-feira (21/06), policiais militares do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) detiveram um indivíduo e apreenderam dois alicates de corte, um alicate de pressão, uma chave de fenda durante corte de cabos na Estação Maracanã, na Zona Norte da cidade do Rio. Na ação, oito rolos de cabos já cortados totalizando cerca de 16 metros foram recuperados. A ocorrência foi encaminhada para a 18ª DP.

O Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) atua em toda malha ferroviária fluminense em seus mais de 270 quilômetros. É uma área de policiamento composta por mais de 100 estações de passageiros distribuídas em doze municípios do Estado do Rio, onde o GPFer trabalha para prevenir e coibir ações criminosas. Ao longo desta extensão, os batalhões de área patrulham o perímetro externo, assim como o entorno das estações.

A Corporação prende diuturnamente inúmeros indivíduos durante cometimento de práticas de furto e roubo, sejam elas contra o patrimônio público ou privado. Na maioria absoluta das vezes, os conduzidos são postos em liberdade logo após as Audiências de Custódia, tornando assim a reincidência dos crimes linear diante da certeza de impunidade.

Vale ressaltar que esses crimes são cometidos, muitas vezes, por indivíduos em situação de vulnerabilidade e diante de brechas de oportunidade, aproveitando-se do dinamismo do policiamento ostensivo. Cabe mencionar também que tais crimes demandam atividade investigativa para que os envolvidos sejam identificados e presos, tanto aqueles que praticam os delitos quanto, e principalmente, os receptadores do material.

Ressaltamos ainda que, de acordo com os dados estatísticos compilados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), num comparativo de janeiro a maio entre os anos de 2020 e 2021, houve queda de 11,3% no total de furtos no Estado do Rio de Janeiro.

Nota da Polícia Civil:

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e outras unidades fiscaliza constantemente ferros-velhos para reprimir a receptação de materiais furtados e roubados e possui investigações para identificar suspeitos envolvidos neste tipo de crime. Vale ressaltar que as ocorrências devem ser registradas pelas concessionárias, empresas e pela população nas delegacias especializadas ou distritais de cada região para que os autores e receptadores desse material sejam identificados e presos.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/06/25/trens-do-rio-tiveram-quase-100-atrasos-ou-interrupcoes-causadas-por-roubo-de-cabos-e-grampos-esse-ano.ghtml

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