Estadão – O ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), afirmou que houve “falta de transparência” no termo aditivo que viabilizaria uma conexão ferroviária entre o Aeroporto de Guarulhos (SP) e a estação Linha 13-Jade, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Ao suspender o contrato assinado entre o governo de Jair Bolsonaro e concessionária que administra o aeroporto, o ministro disse que houve “pressa” à revelia de qualquer consideração por parte do TCU e que, apesar de o projeto ser relevante e prioritário, nada justificaria o “atropelo”.
O aditivo foi assinado no início de setembro entre a concessionária do aeroporto e o Ministério da Infraestrutura, com previsão de as obras começarem em janeiro. Pelo acordo, a responsabilidade pela construção e operação do chamado ‘Automated People Mover (APM)’ seria do GRU Airport, que opera o terminal aéreo.
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Vital do Rêgo reclamou do fato de o tribunal não ter tido a oportunidade de se manifestar previamente sobre o aditivo, antes de o governo e a concessionária seguirem com a assinatura. Segundo ele, quando o TCU foi informado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre a aprovação do termo, foi enfatizado à Corte que a assinatura entre o governo e a empresa só prosseguiria após manifestação do tribunal.
“Em nenhum momento recebemos qualquer convite para uma reunião ou pedido de urgência na análise de uma documentação que, a todo instante, se informava que seria complementada”, disse o ministro, segundo quem não havia necessidade de tal impasse ser criado uma vez que seu gabinete esteve “aberto para o diálogo”.
“Na certeza de que tudo isso possa ser explicado, prefiro acreditar que há por certo uma desinformação do rito das análises deste TCU por parte de quem tomou inadvertidamente essa decisão. Caso contrário, tratar-se-ia mesmo de um caso de evidente má-fé”, continuou Vital do Rêgo.
A decisão do ministro vale até que o TCU se manifeste sobre o mérito do processo. Para Vital do Rêgo, que se baseou em manifestação da área técnica da Corte, não ficou demonstrado o efetivo alcance do interesse público para justificar a escolha do sistema APM no projeto.
“Ainda persistem desencontros de informações, ausência de posicionamento conclusivo e muitos pontos não respondidos pelos atores envolvidos”, disse. Compreendo que os gestores apresentarão de forma direta a este TCU a análise da viabilidade global do APM, em comparação a alternativas, sem jogar a responsabilidade de um para o outro a todo instante, como assim procede a Anac e a SAC”, cobrou o ministro.
Em outra oportunidade, Vital do Rêgo já havia afirmado que a implantação do projeto carecia de estudos comparativos que trouxessem a “melhor solução para o gasto federal”, o que poderia ser feito mediante estudo prévio de viabilidade ou avaliação formal.
O ministro também quer mais esclarecimentos sobre a definição da empresa que será contratada pela concessionária do aeroporto para executar o projeto. Ele deu 15 dias também para que o Ministério da Infraestrutura e a Anac se manifestem sobre a ausência de estudos comparativos no projeto.
“Informações dissonantes, acusações recíprocas e o eterno jogo de atribuir a responsabilidade de uma ação para o outro ente só alimentam o descontrole e as incertezas sobre se o que foi efetivamente entregue nestes autos é a posição final de quem decide”, afirmou o ministro na decisão.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirmou que atua em “total colaboração com os órgãos de controle e prestará todos os esclarecimentos e informações” requeridos pelo TCU. “O ministério entende que o maior aeroporto da América do Sul merece o projeto do people mover, que trará maior comodidade e segurança aos passageiros”, afirmou.
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