CSN tem seu melhor ano e avalia investir no exterior

Valor Econômico – Depois de registrar seu melhor ano em 2021, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) avalia que o próximo será ainda melhor, mesmo com todas as nuvens escuras no horizonte. “Tivemos, em 2021, um ano de excelência, foram três anos em um”, afirmou o presidente, e principal acionista, Benjamin Steinbruch, durante o CSN Day e CMIN (CSN Mineração) Day. A companhia teve desempenho, segundo o empresário, “muito além da expectativa inicial” e um ano de melhorias contínuas, a cada trimestre, o que deve ocorrer também em 2022.

“Estamos com estrutura de capital diferente, com endividamento muito baixo e acumulando muitos ativos. Nossa proposta é de crescimento e vanguarda”, afirmou Steinbruch ao grupo de analistas e investidores.

Companhia pretende manter relação entre dívida líquida/Ebitda abaixo de 1 vez, e prevê investir R$ 4,1 bilhões

A CSN pretende manter relação entre dívida líquida e Ebitda abaixo de uma vez, segundo Marcelo Ribeiro, diretor financeiro. A companhia prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões, no próximo ano, na busca de mais competitividade e sustentabilidade na siderurgia, no crescimento da mineração, na expansão internacional e no fortalecimento da plataforma de energia. “A maneira de conciliar limite de endividamento e investimentos é fazer uso de equity sempre necessário. Fizemos IPO [oferta inicial de ações] da CSN Mineração e vamos fazer o da CSN Cimentos ”, disse Ribeiro.

Na avaliação de Luis Fernando Martinez, diretor executivo comercial da CSN, os preços de aço devem permanecer em patamares muito acima dos últimos anos, mesmo com as correções que já aconteceram. “A relação entre oferta e demanda de aço continuará favorável, no Brasil, no próximo ano”, disse Martinez. Ele afirmou que clientes do mercado agrícola, de caminhões e implementos rodoviários preveem crescimento para o próximo ano.

Segundo o executivo, a CSN espera crescimento de 5% a 6%, em 2022, no consumo aparente de aços planos e longos. A estimativa é mais otimista do que a do Instituto Aço Brasil, anunciada na semana passada. A entidade prevê 1,5% do consumo aparente do insumo, no país, no próximo ano.

A CSN vai olhar, prioritariamente, para o exterior, segundo Steinbruch. A companhia terá investimentos de US$ 3 bilhões para novos projetos e expansões, no exterior, no médio prazo. “Um grupo tem de estar diversificado. Temos concentração de 85% a 90% no Brasil. Precisamos pensar de maneira globalizada e ter oportunidade de diversificar o risco. Oscilações bruscas [de câmbio] fazem você rico e pobre em muito pouco tempo. Nosso desejo de internacionalização vem de muito tempo”, disse o presidente. Há muito boas oportunidades, no momento, segundo ele. “Sabemos que dá para crescer e ter boa margem”, acrescentou.

A CSN vai tomar a decisão em relação aos projetos no exterior no fim do primeiro trimestre de 2022. A companhia pretende ter uma miniusina de aços longos e novo projeto de planos nos Estados Unidos, onde já não tem mais bases de produção. No planejamento da siderúrgica, estão também a duplicação da fábrica de Portugal e a produção de aço para construção na Alemanha.

“Vamos atuar como ‘player’ local nos Estados Unidos, em Portugal e na Alemanha”, disse Martinez. Segundo Steinbruch, ativos siderúrgicos estão muito caros no exterior. Por ora, a CSN não está avaliando nenhuma aquisição internacional, focada em projetos “greenfield e brownfield”.

Martinez disse que há expectativa de queda na importação de aço em 2022. “Muitos importadores perderam dinheiro porque o aço está chegando mais caro [variação do câmbio no país entre o momento da compra e chegada]”.

A CSN Mineração projeta mercado mundial de minério de ferro equilibrado em 2022, com redução das restrições à produção de aço na China e o pequeno crescimento da oferta. A empresa continua otimista em relação aos preços da tonelada do minério, com previsões de patamar entre US$ 100 e US$ 120, no próximo ano, acima das expectativas de analistas, que vão de US$ 80 a US$ 100.

Segundo Pedro Oliva, diretor financeiro, a CSN Mineração espera ganho de US$ 4,5 por tonelada em 2022. A companhia deverá obter aumento de 0,5% no teor de ferro do minério e redução de 0,6% das impurezas. De acordo com o executivo, o prazo de espera dos navios nos portos chineses deverá ser reduzido de cinco dias para dois dias.

No negócio de cimento, em que está investindo pesado – com duas relevantes aquisições neste ano -, a CSN prevê mais vendas para construtoras, considerando-se que os lançamentos residenciais que vêm ocorrendo entrarão em fase de obras. Para o varejo, há expectativa de crescimento menor. Segundo Martinez, haverá também expansão das vendas para o segmento de infraestrutura.

A companhia ocupa a quinta posição no setor em produção no país. Quando a aquisição da LafargeHolcim for aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), passará ao segundo lugar. A CSN espera o aval até o segundo trimestre.

A CSN vai duplicar a produção da Metalgráfica Iguaçu em um primeiro momento. A fabricante de latas paranaense foi comprada pela companhia recentemente.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/12/09/csn-tem-seu-melhor-ano-e-avalia-investir-no-exterior.ghtml

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