Estadão (Blog) – A lista de empresas que desistiram de abrir o capital na B3 não para de crescer. Só este mês, mais cinco companhias adiaram os planos de lançar ações, incluindo nomes como CSN Cimentos, Vix Logística e a rede de academias Selfit. No ano, a lista de cancelamento bateu em 25 nomes, em operações que poderiam ter movimentado ao menos R$ 30 bilhões, nos cálculos dos bancos de investimento.
Com a alta volatilidade no mercado mundial, juros em elevação e eleições que se avizinham no Brasil, ganha força a previsão de que as ofertas iniciais de ações (IPOs na sigla em inglês) devem voltar a ocorrer só em 2023.
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Neste momento, não há demanda por novos papéis, nem de pessoa física, nem das gestoras, afirma o diretor de um banco estrangeiro. O maior indício é o comportamento dos fundos de ações e multimercados que, desde o início do ano, têm enfrentado uma sangria de recursos. Nos dois primeiros meses do ano, os fundos de ações tiveram resgates de R$ 21 bilhões, enquanto os multimercados perderam R$ 38 bilhões, segundo dados da Anbima.
Esse dinheiro está indo para os fundos de renda fixa, que dão ganho certo com a Selic a 11,75%: receberam R$ 64 bilhões no mesmo período. Na semana passada, os fundos de ações perderam mais R$ 2,4 bilhões.
Guerra
Há somente seis IPOs em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), dos quais duas ofertas estão interrompidas e as outras estão paradas. Entre elas, a Tecidos e Armarinhos Miguel Bartolomeu (Tambasa), terceira maior atacadista do Brasil, que planejava captar R$ 2,3 bilhões e suspendeu a oferta ao menos até junho.
A guerra da Rússia contra a Ucrânia enterrou de vez as expectativas de IPOs, que já eram tímidas. Os banqueiros esperavam que a sinalização do fim do ciclo de aperto de juro pelo Banco Central voltaria a atrair investidores para a bolsa. O conflito, no entanto, fez o BC sinalizar o contrário, ou seja, que vai continuar com a alta de juro por conta da pressão inflacionária causada pela guerra. Bancos como o Barclays e Rabobank já elevaram a projeção para a Selic, que deve superar os 13% este ano.
Sendo assim, as empresas, chamadas de ‘viúvas do IPO’, estão recorrendo ao crédito privado. Fundos que têm investidores endinheirados, sofisticados e com maior apetite por risco estão levando dinheiro para as empresas que perderam acesso à bolsa, sobretudo para aquelas com necessidade mais imediata de capital.
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