Desde o último dia 03 de janeiro, Márcio Hannas ocupa a cadeira de presidente da Divisão de Mobilidade da CCR. Um baita desafio, não só por ter substituído Luís Valença, executivo que participou intensamente de todas as concessões metroferroviárias do grupo até agora, desde o primeiro projeto, a Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo. Mas também pelo novo momento da empresa, que acaba de assumir a operação das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, da CPTM.
É a primeira vez que a CCR opera trens metropolitanos. O momento tem sido de adaptação a um sistema que, segundo Hannas, precisa de modernização. Não por acaso, algumas falhas de energia têm eventualmente afetado a circulação dos trens nos últimos dois meses. Nada que a concessionária não saiba resolver, afirma o executivo. “Acho que a questão não é se é metrô ou trem metropolitano. Agora é que vamos começar a fazer melhorias no sistema. Sabemos lidar com os problemas que estamos tendo. Mas existem questões de manutenção e de infraestrutura que precisam ser recuperadas, para que a gente tenha uma boa regularidade”.
Nos próximos três anos, a companhia pretende investir R$ 3,8 bilhões nas linhas 8 e 9, não só na aquisição de um novo sistema de sinalização e na recuperação da rede aérea, como também na reforma de 26 estações e compra de 36 novos trens (já encomendados à Alstom). O plano, com todas as melhorias, é aumentar a capacidade de transporte nas linhas, que antes da pandemia transportavam juntas 1,088 milhão de passageiros/ dia. “Com um sistema mais moderno, eficiente e com menos problemas operacionais, e com os nossos trens, que terão maior capacidade de transporte de passageiros, vamos poder transitar provavelmente em uma velocidade um pouco maior e, com isso, transportar mais passageiros”, prevê Hannas.
O engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) ingressou no setor de mobilidade há cerca de três anos e meio, quando assumiu a presidência do VLT Carioca. O trabalho foi intenso, desde a construção da Linha 3 (concluindo o projeto original do sistema), até os problemas financeiros em função da falta de pagamento das contraprestações pela Prefeitura do Rio previstas no contrato de Parceria Pública-Privada (PPP). Situações que o fizeram eleger a insegurança jurídica como o maior desafio ao se investir em mobilidade urbana no país.
“Infelizmente a gente ainda passa por situações de contratos que não são cumpridos, de decisões eventualmente de órgãos de controle que vão contra o que se estabeleceu no próprio contrato e no processo licitatório. Acho que a grande questão hoje para o investidor é a necessidade de segurança jurídica dos projetos”, diz.
O apetite por novos projetos na área de mobilidade urbana, no entanto, continua. Hannas prefere não falar quais estão no radar, mas afirma que a empresa tem olhado todos que estão em desenvolvimento ou em vias de serem licitados no país. “A gente vai fazendo o filtro de acordo com as regras que são estabelecidas para cada um. Posso dizer que estamos olhando os principais projetos de mobilidade”.
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